O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central realizou nove corte na Selic, desta vez em 0,75 pontos percentuais. A taxa básica de juros ficou em 2,25% ao ano, atingindo nova mínima histórica.
A decisão foi unânime e já era esperada pela maior parte dos analistas de mercado.
Este foi o oitavo corte seguido da Selic, e o quarto anunciado em 2020.
A atualização do cenário básico do Copom pode ser descrita com as seguintes observações:
1. Cenário Externo
A pandemia continua provocando uma desaceleração pronunciada do crescimento global. Nesse contexto o ambiente para as economias emergentes segue desafiador.
2. Atividade Econômica
A divulgação do PIB do primeiro trimestre confirmou a sua maior queda desde 2015, refletindo os efeitos iniciais da pandemia. Indicadores recentes sugerem que a contração da atividade econômica no segundo trimestre será ainda maior.
Prospectivamente, a incerteza permanece acima da usual sobre o ritmo de recuperação da economia ao longo do segundo semestre deste ano.
3. Inflação
As expectativas de inflação para 2020, 2021 e 2022 apuradas pela pesquisa Focus encontram-se em torno de 1,6%, 3,0% e 3,5%, respectivamente.
4. Taxa de Juros
No cenário híbrido, com trajetória para a taxa de juros extraída da pesquisa Focus e taxa de câmbio constante a R$4,95/US$, as projeções do Copom situam-se em torno de 2,0% para 2020 e 3,2% para 2021.
Esse cenário supõe trajetória de juros que encerra 2020 em 2,25% a.a. e se eleva até 3,00% a.a. em 2021.
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Possibilidade de novos cortes
De acordo com o comunicado do Copom, pode haver mais cortes de juros ainda no ano de 2020, dependendo do cenário.
“Para as próximas reuniões, o Comitê vê como apropriado avaliar os impactos da pandemia e do conjunto de medidas de incentivo ao crédito e recomposição de renda, e antevê que um eventual ajuste futuro no atual grau de estímulo monetário será residual.”
Ainda segundo o comunicado, o Copom diz seguir atento a revisões do cenário econômico e de expectativas de inflação para o horizonte relevante de política monetária.

Poupança rende menos
Neste cenário de juros baixos, a poupança rende menos por causa de uma regra criada em 2012.
Quando a Selic está acima de 8,5% ao ano, a rentabilidade da poupança é de 6,17% ao ano (0,5% ao mês) mais TR. Entretanto, quando a Selic é igual ou menor que 8,5%, a poupança passa a render 70% da Selic mais TR.
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Como investir após cortes da Selic
Produtos com retornos pós-fixados, indexados ao CDI, estão rendendo cada vez menos, e o mesmo acontece com a rentabilidade da caderneta de poupança, que é atrelada à taxa Selic.
Os investidores conservadores, que possuem grande parte do seu capital aplicado em ativos de renda fixa, devem sentir a redução da taxa de juros na carteira.
Atualmente, com a Selic em 2,25%, o retorno anual da poupança passa a ser de 1,57% e continua perdendo para a inflação projetada para este ano (1,60%) e outras aplicações conservadoras.
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Os juros baixos dificultam a escolha de investimentos mais conservadores, e a perspectiva de que eles voltem a subir trazem um novo desafio para o investidor brasileiro.
O melhor seria evitar títulos indexados à inflação de curto prazo e papéis prefixados de qualquer vencimento, por conta da possibilidade de alta da Selic, que pode levar à desvalorização dos papéis. Se as taxas aumentam, os preços dos papéis caem.
Independentemente do perfil de risco do investidor, as aplicações deverão buscar horizontes mais longos e que alguma parcela do portfólio deve estar alocada em ativos mais arriscados, de forma a garantir melhores rentabilidades.
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