Cenário Internacional – 23/10/2020

Cenário Internacional – 23/10/2020

Cenário Internacional – 23/10/2020 1200 800 Research Matarazzo & Cia. Investimentos

Destaques do cenário internacional desta semana:

  • Produção de etanol nos EUA pode ser reflexo de medidas restritivas
  • Dólar se desvaloriza com perspectiva de pacote fiscal nos EUA
  • Empresários otimistas nos EUA, aponta Fed
  • EUA vendem 1,831 milhão de toneladas de milho da safra 2020/21 na semana
  • EUA vendem 2,225 milhões de toneladas de soja da safra 2020/21 na semana
  • Biden planeja reformar Suprema Corte dos EUA
  • Senado dos EUA avança para nomeação de Amy Coney Barret à Suprema Corte
  • Nancy Pelosi diz estar perto de um acordo por estímulos fiscais
  • Pedidos de auxílio-desemprego caem nos EUA
  • Comissão Europeia anuncia suporte de 100 bi de euros a empregos de curto período
  • Negociações pós-Brexit retomadas contra o tempo após tensões
  • Índice GfK da Alemanha para novembro cai a -3,1
  • Europa tenta se proteger contra segunda onda do coronavírus
  • Região da Ásia e Pacífico deve sofrer contração econômica em 2020
  • PIB da China cresce 4,9% no 3º trimestre de 2020
  • Novo premiê do Líbano, Saad Hariri, promete governo técnico

América

Produção de etanol nos EUA pode ser reflexo de medidas restritivas

A queda da produção de etanol nos EUA está sendo vista por alguns analistas como um sinal de que Estados norte-americanos adotaram medidas para limitar a propagação do coronavírus nos próximos meses, período em que os casos de gripe são mais comuns.

“O presidente Trump prometeu que não haveria outro fechamento nacional da economia, mas alguns Estados com grande número de veículos estão ameaçando com fechamentos localizados”, afirmou Arlan Suderman, da StoneX.

De acordo com Suderman, a menor demanda por etanol pode ofuscar a forte demanda externa por milho dos EUA que vem sendo registrada este ano.

O biocombustível é feito principalmente com milho nos EUA, e o setor costumava consumir mais de um terço da safra doméstica.

Dólar se desvaloriza com perspectiva de pacote fiscal nos EUA

O dólar recuou em relação a outras moedas fortes no pregão desta quarta-feira (21), pressionado pela expectativa de mais estímulos fiscais nos Estados Unidos. O destaque de alta na quinta-feira (22) foi da libra, que avançou diante da perspectiva de uma resolução do impasse do Brexit.

No fim da tarde desta quinta-feira (22) em Nova York, o dólar caía a 104,54 ienes, o euro recuava a US$ 1,1861 e a libra avançava a US$ 1,3147.

O índice DXY, que mede a variação da moeda dos EUA ante uma cesta seis rivais, registrou baixa de 0,49%, a 92,611 pontos, no menor nível desde 4 de setembro, de acordo com o Brown Brothers Harriman.

“As esperanças de Washington concordar sobre estímulos nas próximas semanas geraram surtos intermitentes de apetite ao risco, um ambiente tipicamente favorável ao euro às custas do dólar”, avalia o analista sênior de mercado Joe Manimbo, da Western Union.

A libra foi beneficiada pela fraqueza do dólar e pela expectativa sobre as negociações entre o Reino Unido e a União Europeia para um acordo comercial pós-Brexit.

“As luzes de advertência econômica na Grã-Bretanha estão piscando em vermelho, mas a libra esterlina está no verde”, comenta Manimbo.

Empresários otimistas nos EUA, aponta Fed

As empresas americanas estão no geral otimistas em relação às perspectivas econômicas graças a uma lenta recuperação que permite a alguns setores recontratar trabalhadores. A situação, porém, difere de acordo com o setor de atividade, de acordo com pesquisa divulgada nesta quarta-feira (21) pelo Federal Reserve (banco central americano).

“A atividade econômica continua crescendo em todas as regiões”, enfatiza o Fed em seu relatório de negócios, intitulado “Livro Bege”.

Na maioria dos distritos, esta é uma taxa de crescimento de “leve a modesta”.

“A evolução da atividade varia muito de acordo com os setores” e a incerteza é grande, acrescentou.

Os pedidos de crédito imobiliário estão em alta, de acordo com o estudo do final de setembro e início de outubro.

Entretanto, o setor imobiliário comercial se deteriorou, afetado por lojas e restaurantes atingidos pela pandemia, e por escritórios, em sua maioria vazios.

Em um ritmo lento, a situação do emprego melhora em quase todas as regiões, observa o Fed.

EUA vendem 1,831 milhão de toneladas de milho da safra 2020/21 na semana

De acordo com o Departamento de Agricultura do país (USDA), exportadores dos EUA venderam 1,831 milhão de toneladas de milho da safra 2020/21 na semana encerrada em 15 de outubro.

O volume é significativamente maior do que o reportado para a mesma temporada na semana anterior e 21% superior à média das últimas quatro semanas.

Os principais compradores foram Japão (490,1 mil t), China (433,5 mil t), México (377,4 mil t), Taiwan (179,8 mil t) e Israel (157,5 mil t), que compensaram cancelamentos de destinos não revelados (55,5 mil t).

O resultado da semana ficou acima das estimativas de analistas consultados pela Dow Jones Newswires, que esperavam vendas entre 800 mil toneladas e 1,4 milhão de toneladas.

EUA vendem 2,225 milhões de toneladas de soja da safra 2020/21 na semana

Conforme informado pelo Departamento de Agricultura do país (USDA) nesta quinta-feira (22), exportadores dos Estados Unidos venderam 2,225 milhões de toneladas de soja da safra 2020/21, já descontados os cancelamentos, na semana encerrada em 15 de outubro.

O volume é 14% menor do que o comercializado na semana passada e 18% inferior à média das quatro semanas anteriores.

Na semana, os principais compradores foram a China (1,222 milhão de t), Egito (194,4 mil t), destinos não revelados (185,1 mil t), Alemanha (111,3 mil t) e México (105,7 mil t), que compensaram os cancelamentos feitos por Países Baixos (20 mil t).

O resultado ficou dentro das estimativas de analistas consultados pela Dow Jones Newswires, que esperavam vendas totais entre 1,2 milhão de toneladas e 2,5 milhões de toneladas.

Biden planeja reformar Suprema Corte dos EUA

Joe Biden, candidato presidencial democrata, planeja criar uma comissão bipartidária para reformar a Suprema Corte de Justiça dos Estados Unidos.

Em um trecho de uma entrevista ao programa “60 Minutes” divulgado nesta quinta-feira (22), Biden disse que acadêmicos liberais e conservadores afirmam que há espaço para fazer essa reforma após as batalhas políticas geradas por designações de juízes.

Seus comentários foram exibidos pouco antes de um comitê do Senado aprovar e passar ao plenário a proposta do presidente Donald Trump de nomear a juíza Amy Coney Barret para integrar a Suprema Corte.

Senado dos EUA avança para nomeação de Amy Coney Barret à Suprema Corte

O Comitê Judiciário do Senado dos Estados Unidos deu, nesta quinta-feira (22), um primeiro passo para a nomeação da juíza Amy Coney Barret, proposta pelo presidente Donald Trump para a Suprema Corte.

A votação unânime, com todos os democratas ausentes, deixa o caminho aberto para que o plenário do Senado aprove Barret definitivamente na segunda-feira.

O presidente do comitê, o senador republicado Lindsay Graham, aproveitou a ausência dos democratas para proceder à votação da indicação quatro horas antes do previsto.

Após a aprovação da comissão, a indicação segue para o plenário do Senado, que pretende debatê-la e votá-la na segunda-feira.

Com os republicanos de Trump detendo 53 das 100 cadeiras, a aprovação é quase uma certeza. Mesmo assim, dois republicanos disseram não concordar com a votação tão próxima de uma eleição em que as pesquisas dizem que o presidente pode perder.

Nancy Pelosi diz estar perto de um acordo por estímulos fiscais

A presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, Nancy Pelosi, voltou a mostrar otimismo nesta quinta-feira (22) sobre a perspectiva de haver novo pacote fiscal para apoiar a economia no país.

“Estamos perto de um acordo por estímulos fiscais”, afirmou Pelosi, durante entrevista coletiva em Washington.

Questionada sobre seu otimismo no assunto, ela garantiu que, se não houvesse avanços nas conversas, ela já as teria abandonado.

“Estamos estreitando as diferenças nas negociações”, comentou, dizendo ainda acreditar que os dois lados têm interesse em fechar esse pacto por estímulos, no quadro atual.

Pedidos de auxílio-desemprego caem nos EUA

De acordo com o Departamento do Trabalho dos EUA, os novos pedidos de auxílio-desemprego registraram queda de 55 mil na semana encerrada em 17 de outubro, a 787 mil.

O resultado ficou abaixo da expectativa de analistas consultados pelo The Wall Street Journal, que previam 875 mil solicitações.

O total de pedidos da semana anterior foi significativamente revisado para baixo, de 898 mil para 842 mil. Já o número de pedidos continuados teve redução de 1,024 milhão na semana encerrada em 10 de outubro, a 8,373 milhões.

Europa

Comissão Europeia anuncia suporte de 100 bi de euros a empregos de curto período

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou nesta quinta-feira (22) o suporte de 100 bilhões de euros para empregos de curto período.

Os primeiros Estados membros a receberem o apoio serão Itália, Espanha e Polônia.

Em pronunciamento, as três nações foram descritas como “duramente atingidas pela crise”, e a presidente afirmou que a Comissão fará tudo o que puder para manter as pessoas em seus empregos.

“O dinheiro irá para eles muito rápido”, e “isso é só o começo”, afirmou a presidente, indicando que 14 outros países europeus receberão verbas.

Negociações pós-Brexit retomadas contra o tempo após tensões

Os negociadores europeus chegaram em Londres nesta quinta-feira (22) para retomar as estagnadas negociações pós-Brexit, após a redução da tensão que ameaçava prejudicar o acordo de livre comércio com o qual ambas as partes esperam evitar uma ruptura brutal em dois meses.

Liderada pelo francês Michel Barnier, a equipe da UE pretende iniciar reuniões diárias com os britânicos, que durarão até domingo ou além, em caso de necessidade.

Os dois lados discutirão todos os assuntos em paralelo e trabalharão diretamente sobre textos legais, como desejava Londres, em uma tentativa de concluir um tratado numa corrida contra o tempo.

Após anos de bloqueio e caos político, o Reino Unido abandonou oficialmente a União Europeia em 31 de janeiro e está atualmente em um período de transição, até o final do ano, destinado a negociar com Bruxelas sua futura relação devido ao término de quase cinco décadas de um matrimônio complicado.

Mas, para que um eventual tratado comercial possa ser aprovado a tempo e entre em vigor em 1º de janeiro é necessário um compromisso até, no mais tardar, o início de novembro.

Índice GfK da Alemanha para novembro cai a -3,1

O índice de confiança do consumidor da Alemanha caiu de -1,7 ponto em outubro para -3,1 pontos em novembro, segundo projeção divulgada nesta quinta-feira (22) pelo instituto alemão GfK.

A leitura de outubro foi ligeiramente revisada para baixo, de -1,6 ponto originalmente. O resultado de novembro ficou um pouco abaixo da expectativa de analistas consultados pelo The Wall Street Journal, que previam queda do indicador a -3 pontos, e sugere que a confiança na Alemanha vai piorar significativamente no próximo mês em meio à nova onda de infecções por covid-19 que a Europa está enfrentando.

O GfK utiliza dados do mês atual para projetar a confiança do consumidor do mês seguinte.

Europa tenta se proteger contra segunda onda do coronavírus

As medidas para frear a propagação do coronavírus são cada vez mais intensas na Europa, com um confinamento parcial na República Tcheca a partir desta quinta-feira (22), ao mesmo tempo que duas regiões italianas decretaram toque de recolher, a Irlanda voltou a aplicar o confinamento e a Alemanha registrou um recorde de novos casos.

Diante da segunda onda do vírus, a Europa se fecha cada vez mais, como a República Tcheca, onde o governo limitou os deslocamentos de pessoas e decretou o fechamento de estabelecimentos comerciais e de serviços para frear a propagação do vírus.

As medidas entram em vigor nesta quinta-feira e prosseguirão até 3 de novembro.

“O governo vai limitar os deslocamentos e os contatos com outras pessoas, com exceção das saídas para trabalhar, fazer compras e procurar médicos”, anunciou na quarta-feira o ministro da Saúde e epidemiologista Roman Prymula.

A Lombardia, norte da Itália, adota a partir desta quinta-feira (22) um toque de recolher das 23h00 às 5h00 durante as próximas três semanas.

Na região da Campania (sul), onde fica a cidade Nápoles, o presidente da região, Vincenzo De Luca, anunciou a proibição de sair de casa a partir de sexta-feira às 23H00, mas não revelou o horário final do toque de recolher nem o tempo de duração da medida.

“A situação é globalmente muito grave”, afirmou em uma entrevista coletiva Lothar Wieler, presidente do instituto de vigilância epidemiológica Robert Koch (RKI).

“O vírus pode estar se propagando sem controle em algumas áreas desde setembro”, declarou Wieler, antes de explicar que os “jovens são atualmente os mais expostos ao vírus”.

Na Irlanda, as medidas mais duras entrarão em vigor nesta quinta-feira (22), com um novo confinamento.

Ásia

Região da Ásia e Pacífico deve sofrer contração econômica em 2020

A região da Ásia e do Pacífico vai sofrer este ano uma contração econômica mais severa do que se pensava inicialmente, segundo avaliação do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Em relatório econômico regional, o FMI prevê agora que o PIB da Ásia e do Pacífico terá queda de 2,2% em 2020. Em junho, a previsão do Fundo era de retração de 1,6%.

O FMI disse que a revisão se deve a uma contração mais intensa, principalmente na Índia, nas Filipinas e na Malásia.

Por outro lado, o fundo revisou para cima sua projeção de crescimento da China este ano, de 1% para 1,9%, em função de uma recuperação maior do que se esperava no segundo trimestre. Para 2021, o FMI elevou sua previsão de expansão econômica da Ásia e do Pacífico, de 6,6% para 6,9%.

PIB da China cresce 4,9% no 3º trimestre de 2020

A economia da China cresceu 4,9% no 3º trimestre de 2020 em relação ao mesmo período do ano passado, segundo dados divulgados nesta segunda-feira (19).

O resultado ficou abaixo das expectativas dos analistas consultados pela agência de notícias Reuters, que previam alta de 5,2%.

Os dados divulgados mostram que o avanço do PIB do país asiático é de 0,7% nos primeiros nove meses do ano na comparação com 2019, enquanto a maioria das principais economias do mundo continuam sofrendo as consequências da pandemia de Covid-19.

Mesmo abaixo do esperado, o resultado do 3º trimestre mostrou uma aceleração frente ao avanço de 3,2% registrado do 2º trimestre, na comparação com o mesmo período do ano passado.

A China tem se recuperado gradativamente do baixo crescimento observado nos primeiros meses do ano, quando o país foi impactado pela pandemia e registrou um tombo de 6,8%.

O governo chinês implementou uma série de medidas, como aumento dos gastos fiscais, redução de impostos e cortes nas taxas de empréstimos para estimular a economia e garantir os empregos.

As bolsas da China fecharam em baixa na segunda-feira (19), repercutindo o resultado do PIB abaixo do esperado. O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em Xangai e Shenzhen, recuou 0,8%, enquanto o índice de Xangai teve queda de 0,7%. Os índices haviam saltado 1,2% e 1%, respectivamente, antes de mudar de curso.

Oriente Médio

Novo premiê do Líbano, Saad Hariri, promete governo técnico

Saad Hariri, um pilar da política libanesa, foi designado primeiro-ministro nesta quinta-feira (22), prometendo um governo de especialistas que acabe com o colapso econômico do país.

Ironicamente, Hariri renunciou há quase exatamente um ano sob pressão de um levante popular sem precedentes, desencadeado pelos fracassos da classe política acusada de corrupção e de incompetência.

Após ser nomeado pelo presidente Michel Aoun, depois de eleições parlamentares, o empresário de 50 anos prometeu formar um governo rapidamente.

Herdeiro de uma imensa fortuna, o político já liderou três governos. A comunidade internacional espera que o novo governo empreenda amplas reformas antes de desbloquear a assistência financeira.