Cenário Econômico Nacional – 07/11 a 13/11

Cenário Econômico Nacional – 07/11 a 13/11

Cenário Econômico Nacional – 07/11 a 13/11 1200 800 Research Matarazzo & Cia. Investimentos

Essa semana os discursos de Bolsonaro e Paulo Guedes movimentaram a política e a economia.

O presidente se alegrou com a proibição da Coronavac — chamada por ele de “Vacina do Dória” — e ameaçou os Estados Unidos “quando acabar a saliva tem que ter pólvora”, em questões relativas à Amazônia. Já o Ministro da Economia discorreu sobre a perspectiva do PIB para 2021 e movimentou os mercados quando afirmou que o auxílio emergencial continuará se o Brasil tiver outro surto da Covid19, além de ter falado novamente sobre a CPMF.

Rodrigo Maia também entrou em cena e declarou que o país vai afundar caso as reformas econômicas não sejam aprovados ainda este ano.

O mercado que seguia uma tendência de alta teve queda fruto, sobretudo, das preocupações dos agentes em relação aos problemas fiscais no Brasil. O câmbio, também seguindo as angústias pela demorada de sinalizações das reformas, aumentou.

Política

O começo da semana foi marcado pela continuação do conflito entre Bolsonaro e Dória. O presidente se mostrou satisfeito com a proibição do avanço das pesquisas da Coronavac, que ele apelidou de “Vacina do Dória”. De acordo com o órgão, essa proibição foi motivada pela morte de um dos usuários da vacina, entretanto constatou-se que rapidamente que o óbito não tinha relação com a Coronavac.

Depois de ampla polêmica envolvendo a Anvisa, o Ministério da Saúde, o Instituto Butantan e até o Congresso, a Anvisa autorizou a retomada dos testes na quarta (11).

Outra declaração de Bolsonaro que atraiu o olhar da mídia foi a sua insinuação de que poderia entrar num conflito armado com os Estados Unidos caso eles queiram interferir nas políticas da Amazônia — sobretudo em relação às queimadas.

Joe Biden elegeu-se com forte discurso de preservação do meio ambiente e em uma de suas declarações citou as queimadas da Amazônia e disse que deveriam ser cessadas. Além disso prometeu recompensas financeiras caso o Brasil siga medidas de preservação.

Rodrigo Maia continua preocupado com a lentidão das reformas. De acordo com ele o governo se mostra excessivamente letárgico para propor as medidas necessárias para aliviar a situação fiscal e que isso levará o Brasil ao fundo do poço em 2021. Disse ainda que a esquerda trava a discussão das propostas econômicas porque quer renovar o auxílio emergencial num patamar acima dos R$ 300,00.

Já no âmbito judiciário, o Ministro do SFT Lewandowski enviou à Procuradoria Geral da República ação sobre a reunião entre Flávio Bolsonaro e o GSI. O que se busca apurar é se o presidente estaria usando o aparato do Estado para defender o filho Flávio Bolsonaro no suposto esquema de “rachadinha”.

Privatizações e CPMF

Na terça (10), Guedes afirmou em fórum promovida pela Bloomberg que pretende privatizar os Correios, a Eletrobras e o Porto de Santos até 2021.

Disse ainda que os Correios é a empresa em foco, deve ser a primeira a sair. De acordo com ele, haverá grande demanda por ela nos leilões, uma vez que o mercado estará interessado no e-commerce brasileiro. Ademais, o governo busca sanar os escândalos de corrupção envolvendo os Correios.

Guedes declarou também na quinta (12) que está considerando a criação da nova CPMF, um imposto sobre transações digitais. O Ministro da Economia disse que o objetivo não é aumentar a carga para quem já paga impostos, mas sim “pegar” aqueles que não pagam.

A nova CPMF seria para cobrir a desoneração da folha de pagamentos das empresas. Falou ainda sobre a cobrança de dividendos que seria uma forma de substituir a arrecadação perdida pela redução da tributação dos lucros empresariais.

Selic

Apesar de na última reunião do Copom da taxa Selic ter sido mantida aos 2% ao ano, os analistas afirmam que cada vez mais essa é uma realidade ficcional e insustentável.

Isso acontece porque o mercado já não aceita mais a taxa para financiar o Estado, sobretudo diante dos problemas fiscais crescentes.

Nessa quinta (12), o Tesouro vendeu títulos pré-fixados de curto prazo com taxas de 3%. E os indexados à Selic estão sendo cobrado altas taxas de ágio. Para os quase R$ 3,5 bilhões rolados com títulos que vencerão no início de 2022, o ágio foi de 0,13% ao ano.

IGP-M

A Fundação Getúlio Vargas (FGV) divulgou na terça (10) a primeira prévia de novembro do IGP-M. O índice, usado sobretudo em contratos de imóveis, subiu 2,67% no período.

Em outubro, no mesmo período de apuração, o índice registrou alta de 1,97%. No acumulado em 12 meses, passou de 19,45% para 23,79%.

Na composição do índice: o IPA subiu 3,48%, o IPC 0,41% e o INCC 1,31%.

IPCA

A Petrobrás anunciou nessa quarta (11) que aumentará nas refinarias o preço da gasolina em 6% e do diesel (500 e S-10) em 5%. Já o diesel usado em navios terá 5,2% de aumento.

O aumento é em virtude do preço do barril de petróleo Brent em alta no mercado internacional. De acordo com a Abicom, isso significará um aumento de R$ 0,0855 por litro de diesel e R$ 0,0947 por litro de gasolina.

Já o preço do Boi se aproxima de R$ 300,00 o arroba, batendo recordes do Brasil. Motivado pelo aumento da demanda externa em virtude do câmbio desvalorizado.

Paulo Guedes afirmou que dentro de três ou quatro meses os produtores se adequarão aumentando a oferta de produtos agrícolas, o que fará os preços dos alimentos baixarem.

PIB

O Ministro da Economia afirmou na quinta (12) que o Brasil está se recuperando mais rápido do que havia imaginado e que em 2021 poderá crescer 4%.

Ele ressaltou a arrecadação “extraordinária” no mês.

Na sexta (13) foi divulgado que o Brasil teve recuperação com crescimento recorde no terceiro trimestre. Muito desse crescimento se deu ao relaxamento das medidas contra a Covid19. Mesmo assim o crescimento ainda não conseguiu superar a contração dos três meses anteriores.

O IBC-Br, índice de Atividade Econômica do Banco Central, registrou alta de 1,29% em setembro.

CÂMBIO

O dólar seguiu uma tendência de alta mais para o final da semana. Isso foi motivado pelo receio dos problemas fiscais do Brasil — e a declaração de que o auxílio continuará — e a demora em dar prosseguimentos às medidas que poderiam sanar o problema.

Outro fator da desvalorização do real é o fortalecimento do Dólar num contexto geral, entretando o Real desvalorizou-se acima da média dos países emergentes.

A Bolsa de Valores seguiu o mesmo caminho diante das declarações de mais pressão sobre a questão fiscal. O índice Ibovespa que vinha de alta começou a cair na quinta (12). Especialistas afirmam que a queda foi natural diante do acúmulo de altas anteriores. Já na sexta (13), o índice voltou a subir mais do que a média mundial influenciado por indicadores locais positivos, como o IBC-Br.