Cenário Econômico Nacional – 21/12/2020

Cenário Econômico Nacional – 21/12/2020

Cenário Econômico Nacional – 21/12/2020 1200 800 Research Matarazzo & Cia. Investimentos

A semana passada foi especialmente agitada politicamente porque o presidente Bolsonaro disse que o 13º do Bolsa Família não será pago por causa de Rodrigo Maia. O presidente da câmara, então, retaliou colocando pautas contrárias aos interesses do governo em votação na câmara e chamando o presidente de mentiroso.

O Ministério da Saúde afirmou que a vacinação começa em fevereiro, mas não deu uma data específica. O CEO da AstraZeneca também afirmou que a vacina em parceria com a Oxford deve ser aprovada até fevereiro. Dório, mesmo assim insiste que iniciará a vacinação de São Paulo em 25 de janeiro. No judiciário, o STF confirmou a possibilidade de estados e municípios vacinarem a população caso não haja manifestação da Anvisa em 72 horas. Disse ainda o Supremo que a vacina pode ser obrigatória, mas sem condução coercitiva.

Além disso, o caso das ‘rachadinhas’ de Flávio Bolsonaro teve um novo episódio na semana passada com a denúncia de que a Abin teria produzido um documento de auxílio ao senador. Caso confirmado tal uso indevido de instituição pública, os especialistas afirmam que o desenrolar pode levar ao impeachment do presidente.

No final da semana passada, Bolsonaro acusou que a impossibilidade de pagar 13º do Bolsa Família teria sido por causa de Rodrigo Maia, presidente da câmara. Maia chamou o presidente de mentiroso e disse ainda que os seus discursos estão como os discursos dos “extremistas Bolsominions”. Além disso, houve retaliação prática, uma vez que na sexta (18) foi colocado em votação na câmara o projeto de extensão do auxílio emergencial.

Esse projeto estava sendo represado pelo presidente da câmara até que a equipe econômica tivesse a possibilidade de dotação orçamentária. Ademais a votação da extensão do auxílio emergencial poderá ser uma prévia das próximas eleições para a presidência da casa. Para Maia conseguir eleger seu candidato, é preciso que seus apoiadores mais aqueles de oposição ao governo alinhados à esquerda derrotem o candidato do governo, Arthur Lira.

A votação dos gastos com auxílio pode ainda representar uma racha no governo já que o Ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, defende a aprovação da medida indo contra Paulo Guedes, que já chegou a pedir sua demissão.

A semana também foi movimentada no judiciário. O Supremo declarou que a vacina pode ser declarada obrigatória pelos estados, mas que não deve usar força coercitiva. As sanções caso o indivíduo não se vacine deve ser definida por meio de lei. O presidente Bolsonaro é contra a obrigatoriedade. O governo declarou que em fevereiro de 2021 a vacinação deve começar — mesmo prazo afirmado pelo CEO da AstraZeneca —, mas que além de não ser obrigatória constará também da necessidade de assinar um termo de responsabilidade — considerado ilegal por especialistas. Lewandowski também aprovou a possibilidade dos estados e municípios iniciarem as vacinações se a Anvisa não se manifestar em até 72 horas depois que vacina aprovada no exterior.

Ademais o STF suspendeu a isenção de impostos de importação de armas de fogo instaurado pelo presidente uma semana antes na justificativa de um impacto econômico em meio à crise fiscal e um atentado contra a constituição e a preservação da vida.

O caso da “rachadinha” de Flávio Bolsonaro também ganhou um novo episódio, já que existem suspeitas de que o presidente e outros membros do governo teriam usado a Abin (Agência Brasileira de Inteligência) para produzir um documento de auxílio à defesa do senador. Essa atividade iria contra as atribuições do órgão estatal. Cármen Lúcia ordenou que as instituições prestassem conta ao supremo e caso seja comprovado o envolvimento ilegítimo, isso poderia ser configurado como crime de responsabilidade e ensejaria em pedidos de impeachment do presidente.

De acordo com Sérgio Goldenstein, ex-chefe do Departamento de Operações de Mercado Aberto (Demab) do Banco Central, o Banco Central passou na semana anterior clara mensagem de que não será leniente na condução da política monetária.

Para Goldenstein, caso houvesse negligência o risco seria a desancoragem das expectativas de inflação, o que poderia resultar numa Selic terminal mais alta para contê-la. Dessa forma, ele prevê aumentos da taxa básica de juros em maio de 2021. Seriam aumentos sucessivos de 0,5 pontos percentuais que resultariam no final do ano numa Selic em 5%.

Isso se houver manutenção da política fiscal. Caso haja rompimento do teto de gastos a resposta do Banco Central teria que ser mais enérgica, o que causaria num aumento ainda maior da Selic.

Essa visão vai de acordo com a maioria dos bancos privados e ecônomos.

O IGP-M, divulgado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e que serve, sobretudo, para revisão de contratos de locação de imóveis teve alta de 1,18% na segunda prévia de dezembro, após ter aumentado 3,05% na segunda prévia de novembro. Em 12 meses o índice acumula 23,41% em 2020.

O IPA, representando preços em atacado, teve alta de 1,17%, no mesmo período no mês anterior o aumento foi de 3,98%.

O IPC, que corresponde aos preços no varejo, teve aumento de 1,23%. Na segunda prévia em novembro o aumento foi de 0,51%.

O INCC, que mensura os custos da construção, expandiu 1,20% em comparação com a elevação de 1,38% no mesmo período no mês anterior.

O Banco Central manteve sua estimativa de inflação para 2020 no cenário de referência, que utiliza juros conforme o Relatório de Mercado Focus e câmbio atualizado de acordo com a Paridade do Poder de Compra (PPC).

Segundo o relatório trimestral de inflação (RTI), a estimativa do IPCA para este ano ficou em 4,3%. Para o ano que vem, a expectativa é que o IPCA atinja 3,4%. Já em 2022 projeta-se um índice de 3,4% e em 2023 3,3%.

Para este ano a meta de inflação que foi perseguida pelo Banco Central foi de 4%, com margem de 1,5 pontos percentuais para cima ou para baixo. Para 2021 a meta será de 3,75% com a mesma margem. Para 2022 a meta será de 3,5% e para 2023 3,25%.

A projeção para o IPCA em dezembro é de 1,09%. Para janeiro de 2021 é de 0,27% e fevereiro 0,36%.

O Banco Central revisou na semana passada a estimativa para a contração do PIB brasileiro em 2020. Se antes previa-se uma queda de mais de 5%, agora a expectativa está na casa dos 4,4%.

A autoridade monetária revelou ainda que a situação econômica doméstica e mundial depende da evolução da pandemia, da eficácia dos programas de vacinação e das medidas de contenção. Além disso, os especialistas dizem que no caso brasileiro há a dependência de reformas tributárias, administrativas e fiscais.

Na segunda (14), o Ibovespa fechou em baixa sobretudo por causa da realização de lucros da Vale (VALE3). O índice teve queda de 0,45% chegando aos 114.611,12 pontos.

Na terça (15), o Ibovespa inaugurou uma sucessão de altas que iria perdurar até o final da semana atingindo novos recordes, isso em decorrência do otimismo em relação à vacina e o pacote de auxílio nos EUA. No dia o índice teve alta de 1,34% atingindo 116.148,63 pontos.

Na quarta (16) o índice repetiu alta de 1,47% atingindo 117.857,35 pontos. Já na quinta (17) houve mais uma expansão de 0,46% atingindo 118.400,57 pontos. Ao longo do pregão o índice passou dos 119 mil pontos, o que não acontecia desde janeiro. Na sexta (18) a tendência ao longo do pregão é de alta.

Já o Real seguiu a tendência dos mercados ganhando valor em relação ao dólar, chegando na semana a cotar R$ 5,02. Apesar disso, seguindo a semana em meio a cautela internacional o Real voltou a recuar rondando a casa dos R$ 5,10.

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21/12/2020