Cenário Econômico Nacional – 30/05/2022

Cenário Econômico Nacional – 30/05/2022

Cenário Econômico Nacional – 30/05/2022 1200 800 Research Matarazzo & Cia. Investimentos

Confira os destaques do Cenário Nacional desta semana:

Brasil pretende atrair investimentos durante Fórum Econômico Mundial

Pela primeira vez, desde o início da pandemia de Covid-19, o Fórum Econômico Mundial reúne presencialmente em Davos, na Suíça, chefes de Estados, ministros, empresários e formuladores de políticas públicas, para discutir os desafios enfrentados pela economia global.

Com foco nos impactos da pandemia e a invasão russa na Ucrânia, o evento começa nesta segunda, dia, 23, e vai até 26 de maio. O Brasil será representado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes.

Na noite de segunda-feira (23), Guedes tem um encontro bilateral com o co-presidente da empresa General Atlantic, Martín Escobari, e, em seguida, participa de um jantar promovido pelo BTG Pactual.

Segundo o Ministério da Economia, Guedes deve realizar reuniões para tratar de crescimento sustentável e de parcerias econômicas com a Ásia e o Pacífico, e na América Latina.

Nesta edição, o Brasil, está entre as nações que terão painéis de discussão exclusivos, junto com Indonésia, Arábia Saudita e União Europeia.

Durante o Fórum Econômico Mundial, o governo brasileiro pretende atrair investimentos estrangeiros e destacar experiências nas áreas de segurança energética e alimentar.

Inflação tira carne, leite e óleo do carrinho de supermercado do brasileiro

A inflação de mais de 12% acumulada no último ano tem obrigado consumidores a deixar de comprar até produtos mais básicos, segundo mostra um levantamento da empresa de inteligência de mercado Horus. Itens como carne de boi, leite longa vida e óleo estão menos presentes nos carrinhos de supermercado em comparação com abril do ano passado. No mesmo período, também houve aumento no preço médio desses produtos.

A partir da análise de 35 milhões de notas fiscais em todo o Brasil, a Horus verificou que, no mês passado, o leite estava presente em 14,2% dos carrinhos. Em abril de 2021, essa incidência era 1,7 ponto percentual maior, de 15,9%. No mesmo período, o preço médio do litro passou de R$ 4,29 para R$ 7,25, um aumento de quase 69% em um ano, ainda de acordo com a pesquisa.

O cenário é semelhante para o óleo e para a carne bovina: a presença do primeiro nos carrinhos de supermercado passou de 7,1% para 6% em um ano; da segunda, de 5,9% para 5,3%. Ao mesmo tempo, o valor médio do litro de óleo foi de R$ 9,60 para R$ 16,81 (+75,1%), enquanto o quilo da carne saltou de R$ 29,66 para R$ 31,47 (+6,1%).

“A inflação está muito difusa, muito espalhada nos produtos. Vai ficando uma situação difícil para o consumidor, porque vai atingindo aqueles produtos mais básicos. Está tudo muito caro”, disse ao UOL Luiza Zacharias, diretora de Novos Negócios da Horus.

Impacto estimado no nível de preços é de queda de 0,5 pp a 1 pp, diz secretário

O secretário de Comércio Exterior do Ministério da Economia, Lucas Ferraz, afirmou, que a redução de 10% do Imposto de Importação deve diminuir a inflação em 0,5 ponto porcentual em um cenário conservador. Segundo ele, essa queda pode chegar a 1 ponto porcentual.

Segundo Ferraz, o objetivo da medida é gerar um “choque de oferta que amenize a dinâmica inflacionária”.

Ele relembrou que a Tarifa Externa Comum (TEC) nunca foi reformada desde a criação, em 1994. A primeira redução, de 10%, foi anunciada em novembro de 2021. A segunda, de mais 10%, foi anunciada há pouco.

“Estimamos uma renúncia fiscal de R$ 3,7 bilhões com a medida, que não exige compensação”, disse.

O secretário também estimou que as reduções do Imposto de Importação podem impactar positivamente o Produto Interno Bruto (PIB) em R$ 533 bilhões até 2040. Ele ainda afirmou que o impacto nos investimentos pode chegar a R$ 376 bilhões e o crescimento da corrente de comércio, a R$ 1,4 trilhão, no mesmo período.

Fitch: cenário do Brasil eleva preocupações sobre varejo, educação e construção

O cenário macroeconômico brasileiro desafiador que tem se desenhado nos últimos meses aumenta as preocupações sobre setores como varejo, educação e construção residencial, avalia a Fitch Ratings. Para a agência, esses segmentos devem ser pressionados à medida que o endividamento recorde das famílias, de quase 60% da renda disponível, leva a uma maior taxa de inadimplência. Por outro lado, projeta uma perspectiva favorável para as exportadoras de commodities.

“A inflação persistentemente alta, juros de dois dígitos, PIB anêmico e indicadores de confiança fracos continuam pressionando a demanda e os custos geral de produção das companhias”, diz o relatório.

A Fitch projeta crescimento de 0,5% para o Brasil em 2022.

Internamente, o atrito entre os poderes políticos traz volatilidade ao ambiente de negócios e incertezas sobre a aprovação de reformas. Somado a isso, “a polarização política se intensificou com a liderança do presidente Jair Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva nas pesquisas, aumentando os desafios para uma coalizão de terceira ala competitiva”.

Enquanto isso, ventos contrários do mercado externo devem aumentar os custos de empréstimos no exterior para emissores brasileiros, embora o fluxo de caixa seja gerenciável, pois as companhias nacionais se beneficiam de ciclos de preços positivos.

Ainda no cenário externo, a agência segue vendo, até o momento uma exposição limitada para ao conflito na Ucrânia para maioria dos emissores. “No entanto, a alta dependência do Brasil de fertilizantes importados pode afetar severamente a produtividade na safra de 2023, dependendo da duração do conflito e do escopo das sanções à Rússia”, afirmam os especialistas.

Para eles, isso pode levar a um maior aperto monetário no mercado interno para conter o aumento dos preços dos alimentos.

Na ponta positiva, a Fitch espera que os exportadores brasileiros de commodities continuem se beneficiando de fundamentos positivos de oferta e demanda no médio prazo, já que os preços e as taxas de câmbio continuam favoráveis. “Aumentamos nossas premissas de preços de metais e mineração e petróleo e gás em março de 2022, à luz do aumento da demanda pós-pandemia, mercados apertados e interrupções no fornecimento de curto prazo devido ao conflito na Ucrânia”, ressaltam.

Intenção de consumo das famílias cresce pelo quinto mês

A Intenção de Consumo das Famílias (ICF) registrou, na passagem de abril para maio, um crescimento de 4,4%. É a quinta alta consecutiva do indicador, medido pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

Com o resultado, o índice atingiu 79,5 pontos em uma escala de zero a 200 pontos, o maior patamar desde maio de 2020 (81,7 pontos). Na comparação com maio do ano passado, o crescimento chegou a 17,7%. Os dados foram divulgados no Rio de Janeiro, pela CNC.

De abril para maio, a alta foi puxada pelas avaliações sobre a perspectiva profissional (7,1%), o momento para a compra de bens duráveis (5,5%) e sobre a renda atual (4,5%).

Já a alta de 17,7% na comparação com maio de 2021 foi influenciada principalmente pela perspectiva profissional (25,3%), pela perspectiva de consumo (24,7%) e pelo emprego atual (21,8%).

Na análise por faixa de renda, observou-se que a intenção de consumo subiu mais nas famílias com renda mais baixa (até dez salários mínimos), com altas de 4,8% no mês e 18,5% na comparação anual. Para aqueles que ganham mais de dez salários, os aumentos foram de 2,8% e 15,3%, respectivamente.

IPCA-15 sobe mais que o esperado e tem maior alta para maio em 6 anos

O IPCA-15 desacelerou em maio, mas ainda assim surpreendeu com alta acima do esperado e registrou o resultado mais intenso para o mês em seis anos, com a taxa acumulada em 12 meses bem acima de 12% e no maior nível em 18 anos e meio.

Em maio, a alta do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) desacelerou a 0,59%, de 1,73% no mês anterior, de acordo com dados divulgados nesta terça-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Apesar do número mais baixo, a leitura mensal da prévia da inflação brasileira representa a maior variação para um mês de maio desde 2016 (+0,86%) e fica acima da expectativa em pesquisa da Reuters de avanço de 0,45%.

Mesmo com o alívio, o índice passou a acumular em 12 meses inflação de 12,20%, o resultado mais alto desde novembro de 2003, quando chegou a 12,69%. A expectativa para o dado em 12 meses era de alta de 12,03%.

Isso representa quase 2,5 vezes o teto da meta oficial para a inflação este ano, que é de 3,5%, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos, medida pelo IPCA.

“A inflação está agora não apenas muito elevada como também altamente disseminada, com projeção de que a taxa permanecerá acima de 10% até outubro de 2022 e acima de 8% até março de 2023”, avaliou em relatório Alberto Ramos, diretor de pesquisa econômica para a América Latina no Goldman Sachs.

Reajustes de preços vêm garantindo a persistência das pressões inflacionárias no país, bem como o cenário internacional, com lockdowns na China e sanções contra a Rússia devido à guerra na Ucrânia.

Em maio, o item de maior influência no IPCA-15 foi produtos farmacêuticos, com aumento de 5,24% nos preços após reajuste de até 10,89% autorizado pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED). Isso levou o grupo Saúde e cuidados pessoais a registrar avanço de 2,19%, a maior alta, de acordo com o IBGE.

Também se destacou a alta de 1,80% do grupo dos Transportes, embora tenha desacelerado em relação à taxa de 3,43% de abril. A maior contribuição para o grupo veio do item passagens aéreas, cujos custos dispararam 18,40%.

Os combustíveis também seguiram em alta, de 2,05% no mês, mas bem abaixo dos 7,54% do mês anterior, com aumentos de 1,24% da gasolina e de 7,79% do etanol.

Mas em maio a entrada em vigor da bandeira tarifária verde para as contas de energia impediu um salto ainda maior do IPCA-15, após seis meses de bandeira “Escassez Hídrica”. A energia elétrica registrou queda de 14,09%, levando o grupo Habitação a uma deflação de 3,85% no mês.

Em sua luta para reduzir a inflação, o Banco Central já elevou a taxa básica de juros Selic a 12,75%, e reconheceu que há uma deterioração na dinâmica inflacionária do Brasil, apesar do ciclo “bastante intenso e tempestivo” de ajuste nos juros.

Uma política monetária mais apertada tende a moderar os gastos dos consumidores e, consequentemente, conter a alta dos preços, mas por outro lado restringe a atividade econômica.

“Dado que as pressões da inflação estão para cima, achamos que não vai ter como o Banco Central para de subir juros tão rápido. Continuamos achando que vai ter que subir pelo menos mais duas vezes”, com cenário de 14,25% para a Selic terminal em 2022, disse a economista Laiz Carvalho.

Confiança do consumidor no Brasil piora em maio com receios sobre inflação e emprego

A confiança dos consumidores brasileiros piorou em maio, diante da inflação elevada e da dificuldade de obter emprego, segundo dados da Fundação Getúlio Vargas divulgados na quarta-feira (25).

O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) da FGV teve queda de 3,1 pontos neste mês, para 75,5 pontos.

O Índice de Situação Atual (ISA), que reflete o sentimento do consumidor sobre o momento presente, ficou estável em 69,1 pontos, enquanto o Índice de Expectativas (IE), que abrange a percepção sobre os próximos meses, recuou 5,1 pontos, para 81,0 pontos, menor nível desde janeiro passado (80,7 pontos).

“Os últimos resultados da confiança do consumidor mostram que apesar da melhora da pandemia e do pacote de incentivos para alívio da pressão financeira das famílias, a inflação e a dificuldade de obter emprego continuam impactando negativamente as famílias, principalmente as de menor renda”, ressaltou em nota a coordenadora das sondagens, Viviane Seda Bittencourt.

Dados divulgados na véspera pelo IBGE mostraram que a alta do IPCA-15, considerado prévia da inflação, desacelerou a 0,59%, de 1,73% no mês anterior. Apesar do número mais baixo, a leitura representou a maior variação para um mês de maio desde 2016 (+0,86%) e ficou acima da expectativa em pesquisa da Reuters, de avanço de 0,45%.

“Além disso, há uma preocupação com as perspectivas futuras que serão afetadas por um ano eleitoral que promete ser bastante acirrado. O cenário para os próximos meses não sinaliza uma tendência clara de recuperação, principalmente diante dos desafios expostos”, completou Bittencourt.

Superávit estrutural do setor público consolidado foi de 2,37% do PIB em 2021

Para reforçar dados que apontam uma melhora fiscal, o Ministério da Economia informou que as contas do setor público consolidado (União, Estados, Municípios e Estatais) registraram um superávit estrutural de 2,37% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2021. É a primeira vez em oito anos que o resultado é positivo e o melhor desempenho desde 2008. Em 2020, as contas registraram um déficit estrutural de 0,49%.

Para calcular o resultado estrutural, o governo não leva em consideração eventos atípicos, como, por exemplo, os gastos da Covid-19.

O resultado convencional (o oficial para fins de cumprimento das regras fiscais), divulgado pelo Banco Central em janeiro, apontou um superávit de 0,75% do PIB, o equivalente a R$ 64,7 bilhões, no ano passado.

O resultado estrutural é livre de influências transitórias. É aquele que seria observado com o PIB no seu nível potencial, preço do petróleo igual ao valor de equilíbrio de longo prazo e sem receitas e despesas extraordinárias.

Esse indicador fiscal procura medir o esforço recorrente do setor público para alcançar a solvência da dívida pública do País no longo prazo.

Para o secretário de Política Econômica do Ministério da Economia, Pedro Calhman, o dado de 2021 mostra um progresso no ajuste fiscal do setor público, mesmo na pandemia. “É resultado do binômio da consolidação fiscal e reformas para aumentar a produtividade do governo”, ressaltou.

Em 2020, ano de início da Covid-19, o resultado estrutural foi um déficit de 0,49% do PIB, enquanto o resultado convencional foi negativo em 9,41%. Naquele ano, as despesas do governo no enfrentamento da Covid-19 foram muito elevadas e levaram ao rombo recorde nas contas do setor público de R$ 743,3 bilhões. No ano passado, as despesas relacionadas ao combate à pandemia atingiram R$ 120,8 bilhões.

Do lado das despesas, entre os fatores que melhoraram o resultado estrutural foi a contenção de gastos com pessoal ativo e com os benefícios previdenciários. Esse segundo ponto em razão da dos efeitos da reforma da Previdência.

Do lado das receitas, houve uma melhora permanente da arrecadação, sobretudo, dos impostos relacionados ao lucro das empresas, explicou o subsecretário de política fiscal, Bernardo Borda. O ministério da Economia calculou o impulso fiscal (variação de um ano para outro) estrutural negativo de 2,87% do PIB.

Ou seja, a política fiscal foi contracionista. O coordenador-geral de projeções econômico-fiscais, Sergio Gadelha, ressaltou que os novos dados apontam que a economia em 2021 ficou 1,9% abaixo do seu PIB potencial, o que economistas chamam de “hiato do produto”. O PIB potencial é projetado para uma situação em que a economia pode crescer sem gerar pressões inflacionárias.

Arrecadação federal tem novo recorde mensal em abril, com crescimento real de 10,9%

A arrecadação do governo federal teve alta real de 10,9% em abril sobre igual mês do ano passado, a 195,085 bilhões de reais, divulgou a Receita Federal na quinta-feira (26).

O resultado foi o maior para o mês da série da Receita corrigida pela inflação, com início em 1995, e veio acima dos 186,9 bilhões de reais estimados por analistas em pesquisa da Reuters.

A alta foi mais uma vez liderada pelo crescimento da arrecadação do setor de combustíveis, sob o impacto do forte aumento do preço do petróleo no mercado internacional gerado pela guerra na Ucrânia.

Se considerada apenas a receita administrada pela Receita Federal, que engloba a coleta de impostos de competência da União, a arrecadação teve uma alta real de 7,36% no mês. No período, a arrecadação do setor de combustíveis saltou 142,4%, dando a maior contribuição absoluta (4,4 bilhões de reais) para a alta.

Já as receitas administradas por outros órgãos, que são sensibilizadas sobretudo pelos royalties decorrentes da produção de petróleo, aumentaram 47,63% acima da inflação em abril.

A Receita estimou que a arrecadação do PIS/Cofins sobre combustíveis e do IPI (que incide sobre produtos industrializados) sofreu uma redução de 2,2 bilhões de reais sobre o ano anterior decorrente dos cortes das alíquotas promovidos pelo governo para tentar conter a alta da inflação. Esse impacto foi parcialmente compensado por um aumento de 1,5 bilhão de reais em receitas atípicas de IRPJ/CSLL, cobrados das empresas.

No acumulado de janeiro a abril, o crescimento real da arrecadação foi de 11,05%, a 743,217 bilhões de reais, desempenho mais forte para o período na série.

Nos quatro primeiros meses do ano, os ganhos com royalties somaram 43 bilhões de reais, ante 28,7 bilhões de reais no mesmo período de 2021, o que representa uma alta de 49,8%. Já a tributação sobre o setor de combustíveis aumentou em 18,3 bilhões de reais (+147,7%).

Análise do fisco também vem apontando uma melhora na maior parte dos indicadores econômicos como fator por trás da alta da arrecadação. Em abril, na comparação com o mesmo mês do ano anterior, foi registrado ganho em venda de bens (+4,5%), venda de serviços (+11,4%), valor em dólar das importações (+26,2%) e valor das notas fiscais eletrônicas (+10,4%). Houve recuo na produção industrial (-2,5%).

O aumento da arrecadação tem contribuído para a melhora dos dados fiscais mais amplos do setor público este ano, levando o governo e analistas de mercado a revisar para baixo as projeções para o déficit primário do ano e para a dívida.

Economistas, no entanto, têm ressaltado que a melhora dos dados é mais associada a fatores conjunturais e destacam a preocupação com a trajetória das contas em meio a pressões constantes por mais gastos e ao baixo crescimento, e diante do enfraquecimento da regra do teto de gastos, que limita as despesas.

40,8% dos reajustes salariais ficam abaixo da inflação no ano, mostra Dieese

Quatro em cada dez reajustes salariais ficaram abaixo da inflação calculada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) de janeiro a abril deste ano, segundo levantamento divulgado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

A proporção dos reajustes que ficaram iguais à inflação ficou em 31,6%. Já os resultados acima do índice inflacionário equivalem a 27,6%.

De janeiro a abril, reajustes iguais e acima da inflação foram mais frequentes no comércio, presentes em cerca 67% das negociações analisadas. Em seguida, aparecem as negociações realizadas pelas categorias da indústria, em 64% dos casos, houve reposição da inflação anual.

Já os aumentos reais (acima da inflação) foram mais regulares na indústria (29,4% dos casos) do que no comércio (17,1%). O setor de serviços chama atenção pela maior proporção de reajustes tanto abaixo (45,1%) quanto acima (29,8%) do INPC.

Nos quatro primeiros meses de 2022, a região Sul foi a que apresentou o maior percentual de reajustes iguais e acima da inflação, cerca de 77% dos casos analisados, somente 23,4% das negociações conseguiram reajuste abaixo da inflação.

Já o Sudeste teve o maior percentual de ganhos acima da inflação (38,7%) e o segundo menor percentual de reajustes abaixo do INPC (38,3%).

Os piores resultados foram encontrados no Centro-Oeste, onde 63,7% dos reajustes ficaram abaixo do INPC-IBGE, 21% acompanharam exatamente a variação do índice inflacionário e apenas 15,3% ficaram acima dele.

No Norte, 50,7% dos reajustes ficaram abaixo da inflação, e no Nordeste, o percentual foi de 47,5%, a região teve o segundo menor percentual de aumento acima da inflação entre as demais: 19,2%.

O valor médio dos pisos salariais até abril é de R$ 1.414,77. O maior valor médio pertence ao comércio (R$ 1.481,54), e o menor, à indústria (R$ 1.380,19). Já o de serviços ficou em R$ 1.418.

A maioria das categorias com data-base em abril conseguiu reajustes iguais ou acima da inflação. Mas, de acordo com levantamento do Dieese, das 163 negociações coletivas analisadas, apenas 8% alcançaram resultados acima do INPC e 46% obtiveram reajustes iguais ao índice, o que totaliza 54% das negociações.

Segundo o Dieese, os dados praticamente repetem os da data-base de março, quando 53,7% das negociações conseguiram reajustes iguais ou superiores ao INPC.

O mês de abril apresenta a menor proporção de reajustes com ganhos reais (acima da inflação) em 2022 e a segunda menor proporção nas últimas 15 datas-bases analisadas, acima apenas de novembro de 2021.

Presidente descarta taxar compra por meio de aplicativos estrangeiros

O presidente Jair Bolsonaro descartou em sua conta no Twitter, a edição de medida provisória (MP) para tributar compras feitas no exterior por meio de plataformas na internet.

“Não assinarei nenhuma MP para taxar compras por aplicativos como Shopee, AliExpress, Shein etc. como grande parte da mídia vem divulgando. Para possíveis irregularidades nesse serviço, ou outros, a saída deve ser a fiscalização, não o aumento de impostos”, escreveu Bolsonaro, na postagem.

Atualmente, a isenção de Imposto de Importação ocorre para encomendas de até US$ 50. No entanto, o benefício só é concedido se a remessa ocorrer entre duas pessoas físicas, sem fins comerciais.

Segundo o secretário Especial da Receita Federal, Júlio César Gomes, em entrevista ao programa Brasil em Pauta da TV Brasil, no início deste mês, muitos vendedores se fazem passar por pessoas físicas quando, na verdade, são empresas constituídas para se valer de isenções, o que constitui fraude.

César Gomes chamou esses aplicativos de “camelódromos virtuais”. Segundo ele, hoje o Brasil recebe cerca de 500 mil dessas encomendas por dia.

De acordo com o secretário, a Receita Federal está intensificando o combate a bens contrabandeados ou que burlam as regras tributárias vigentes por meio de um programa de rastreabilidade fiscal recém-lançado. Na entrevista, o secretário também afirmou que estava em estudo a edição de uma medida provisória com foco nos “camelódromos virtuais”.

Sem Doria, tucanos apresentarão nome de Eduardo Leite ao PSDB

Com João Doria (PSDB) fora do páreo, tucanos apresentarão na reunião da executiva nacional do partido prevista para esta terça-feira (24) o nome de Eduardo Leite para a Presidência.

“Vai começar o movimento para chamar o segundo lugar nas prévias. A tese vai ser apresentada amanhã”, disse ao G1 um dirigente tucano, sobre nova investida para o ex-governador do RS representar o partido na eleição.

A argumentação é de que o PSDB deve manter sua candidatura e passar para o segundo colocado nas prévias, mesmo com uma eventual negociação com partidos da terceira via em andamento.

O movimento mostra que o caminho para apoiar a candidatura de Simone Tebet, pré-candidata do MDB ao Planalto, também enfrenta resistência de parte do PSDB.

Logo após a desistência de Doria, o presidente do partido, Bruno Araújo, defendeu conversas com o Cidadania e MDB para alinhar um nome em comum para a eleição de outubro.

Além de Tebet, o União Brasil, outra sigla disposta a conversar com os tucanos e integrar a chamada terceira via, oferece o nome de Luciano Bivar como presidenciável.

Governo anuncia novo corte amplo de 10% em tarifas de importação sem aval do Mercosul

A Câmara de Comércio Exterior (Camex) aprovou uma nova redução de 10% nas alíquotas do Imposto de Importação sobre a maior parte dos produtos comprados no exterior, informou o Ministério da Economia, em iniciativa que não contou com aval do Mercosul e busca combater a inflação e ampliar a abertura comercial do país.

A decisão, antecipada pela Reuters, foi tomada em reunião extraordinária da Camex e alcança cerca de 87% do universo tarifário do país, com 6.195 códigos de produtos.

A medida, que é temporária e valerá de 1º de junho deste ano a 31 de dezembro de 2023, representa um corte adicional do imposto. Em novembro do ano passado, o governo já havia reduzido em 10% as alíquotas do universo da TEC (Tarifa Externa Comum) unilateralmente, sem aval de todos os membros do Mercosul, dizendo haver urgência para lidar com a alta de preços.

A renúncia de arrecadação com as reduções tarifárias, segundo o ministério, é estimada em 3,7 bilhões de reais.

De acordo com a pasta, o objetivo da medida é aliviar as consequências econômicas negativas decorrentes da pandemia de Covid-19 e da guerra na Ucrânia, especialmente a inflação.

“A nova redução irá contribuir para o barateamento de quase todos os bens importados, beneficiando diretamente a população e as empresas que consomem esses insumos em seu processo produtivo”, disse em nota.

Entre os produtos incluídos na redução tarifária, o ministério citou feijão, carne, massas, biscoitos, arroz e materiais de construção.

Estimativa apresentada pela pasta aponta que as reduções nas tarifas terão impacto acumulado de 533,1 bilhões de reais de incremento no PIB e de 376,8 bilhões de reais em investimentos até 2040.

Segundo o ministério, a decisão de reduzir as tarifas unilateralmente foi tomada sob amparo de artigo do Tratado de Montevidéu do Mercosul.

O secretário de Comércio Exterior do ministério, Lucas Ferraz, afirmou que o Brasil continuará negociando com os membros do bloco para tentar consolidar e tornar permanentes os cortes de Imposto de Importação.

“Nossa expectativa é que conseguiremos ainda este ano tornar o corte de 20% em tarifas um movimento de todo o Mercosul”, disse.

Ferraz ressaltou que 1.387 códigos de produtos ficarão fora da medida e não terão tarifas reduzidas. Entre eles, estão têxteis, calçados, brinquedos, lácteos e alguns itens do setor automotivo.

O Ministério da Economia defende a abertura gradual da economia e recentemente implementou cortes no do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para ampliar a competitividade da indústria do país e viabilizar a nova redução do Imposto de Importação.

Lula e Alckmin vão levar programa de governo para ser debatido com empresários

Com a finalização do programa de governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), juntamente com o pré-candidato a vice Geraldo Alckmin (PSB), apresentará o projeto a empresários para que as propostas sejam debatidas conjuntamente. A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), a Confederação Nacional da Indústria (CNI) são, por exemplo, algumas entidades na mira de Lula.

A proposta foi feita pelo ex-presidente, durante a primeira reunião da coordenação geral da campanha em São Paulo, e confirmada por líderes que participaram do encontro.

O senador Randolfe Rodrigues (Rede), coordenador da campanha de Lula, disse que “assim que o programa estiver pronto, ele Lula vai procurar o presidente da FIESP, e vai levar o programa para debater com eles”. “Ele vai conversar com todos os empresários. Estando pronto o programa, ele vai levar o programa debaixo do braço, vai convidar Alckmin e vai junto com ele apresentar o programa”, afirmou.

Randolfe destacou, ainda, que Alckmin deve fazer agenda com economistas para ampliar alianças em torno da candidatura de Lula, com destaque ao agronegócio. Além da contribuição do ex-tucano à agenda de parcerias público privadas (PPPs), o senador disse que Alckmin terá grande participação na agenda de competitividade.

TSE aprova criação de federação entre PT, PCdoB e PV

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) aprovou a criação da federação partidária formada por PT, PCdoB e PV, que se chamará Federação Brasil da Esperança e é a primeira agremiação do tipo aprovada pela corte eleitoral.

Com a aprovação, feita por unanimidade na corte, os três partidos atuarão como um único ente partidário pelos próximos quatro anos, não podendo, por exemplo, apresentar candidatos concorrentes para cargos majoritários. Os partidos também atuarão como um só no Congresso Nacional.

A nova federação terá como candidato à Presidência da República na eleição de outubro o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que lidera as pesquisas de intenção de voto para o pleito. Outros partidos se unirão à candidatura de Lula, caso por exemplo do PSB, que terá o vice na chapa, o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, mas neste caso estarão coligados na eleição nacional, não em federação.

Outras federações partidárias já foram anunciadas, mas ainda precisam ser formalizadas pelo TSE, como as uniões entre PSDB e Cidadania e entre PSOL e Rede Sustentabilidade.

As federações têm até o dia 31 de maio para obterem seus registros junto à Justiça Eleitoral para participarem das eleições gerais de outubro.

Câmara aprova MP que define divulgação do resultado da Previdência

A Câmara dos Deputados aprovou, sem mudanças, uma medida provisória que trata da divulgação do resultado financeiro do Regime Geral de Previdência Social (RGPS). A MP acaba com a necessidade de compensação do Fundo do RGPS pela União em razão da desoneração da folha de pagamentos. O projeto segue para análise do Senado.

Segundo o governo, os valores que são repassados à Previdência pelo Tesouro Nacional para cobrir o déficit são superiores à compensação da desoneração da folha.

De acordo com dados apresentados pelo Ministério do Trabalho e Previdência, o déficit da Previdência ficou em R$ 259,1 bilhões em 2020, mesmo com a receita de R$ 9,4 bilhões da desoneração da folha, enquanto outras renúncias não precisam ser oficialmente compensadas dentro do orçamento.

Bolsonaro sanciona projeto que altera LDO de 2022

O presidente Jair Bolsonaro sancionou projeto de lei que altera a Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2022, com vetos, de acordo com comunicado da assessoria da Secretaria-Geral da Presidência.

A nova lei regulamenta emendas relacionadas ao pagamento de precatórios e requisições de pequeno valor, possibilita a redução de tributos incidentes sobre a comercialização no mercado interno e sobre a importação de biodiesel, óleo diesel, gás liquefeito de petróleo derivado de petróleo e de gás natural, o que poderá desonerar a cadeia produtiva.

Ainda de acordo com a nota, a medida dispensa a necessidade de suplementação do Fundo Especial de Financiamento de Campanha, que possui dotação autorizada na Lei Orçamentária de 2022 em montante inferior ao previsto na LDO, o que prejudicaria o financiamento de políticas públicas.

Mas foi vetada, por contrariar o interesse público e inconstitucionalidade, a autorização para o bloqueio de dotações orçamentárias discricionárias, sendo excluída a autorização para bloqueio de despesas orçamentárias discricionárias incluídas por emendas de comissões permanentes e por emendas do relator-geral do projeto de lei orçamentária anual.

“Além de criar tratamento diferenciado entre as despesas orçamentárias discricionárias, o dispositivo cria obstáculos à correção de desvios capazes de afetar o equilíbrio das contas públicas, dificultando a realização de bloqueios necessários ao cumprimento do teto de gastos”, apontou a nota.

A nova lei orçamentária entrará em vigor imediatamente, tendo validade apenas para o ano de 2022. Como o texto já foi aprovado pelo Congresso Nacional, não depende de qualquer nova deliberação para entrar em vigor.

Ministério diz que negocia novo Plano Safra 22,4% maior que anterior

O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Marcos Montes, que a pasta está negociando com o Ministério da Economia para que o Plano Safra 2022/2023 seja 22,4% maior do o anterior. Durante audiência na Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados, o ministro justificou o aumento dizendo que “todos os preços subiram”.

Pelas estimativas apresentadas na audiência, Montes negocia o Plano Safra 2022/2023, que engloba o ano fiscal de junho de 2022 a junho de 2023, de pelo menos R$ 300 bilhões, com mais 22 bilhões para equalização de taxa de juros. “Estamos fazendo um Plano Safra mais robusto”, disse o ministro. “O Brasil é um grande produtor e vai ter que produzir mais”.

Durante a audiência, Montes também falou sobre os recursos bloqueados para o Plano Safra 2021/2022 e que serão destravados.

“Conseguimos, graças, inicialmente, à aprovação do PLN [Projetos de Lei do Congresso Nacional] 01, que liberou R$ 868 milhões, para destravar R$ 23 bilhões do plano safra de 21/22, mas com os juros crescentes do jeito que estavam, nós ainda ficamos defasados e foi preciso, na quinta-feira da semana passada [19], uma liberação de mais R$ 1,2 bilhão para destravar o plano safra de 2021/2022, que ainda não está destravado”, explicou.

“Precisamos que os ministérios sejam comunicados dos seus orçamentos que foram modificados e o governo federal possa realmente fazer sua efetivação.” O ministro disse que aguarda a finalização desse processo para destravar os R$ 23 bilhões do Plano Sabra 2021/2022, que serão destinados principalmente para a agricultura familiar.

Montes também disse que quer, pelo menos, R$ 2 bilhões, para o seguro rural, e que gostaria que a despesa fosse incluída como permanente no Orçamento da União, o que reduziria a possibilidade de cortes. Ele disse, no entanto, que só deve ser feito sem que se ultrapasse os limites fiscais.

Datafolha: Lula tem 48% no primeiro turno, contra 27% de Bolsonaro

Pesquisa do instituto Datafolha divulgada na quinta-feira (26) pelo jornal “Folha de S.Paulo” revela os índices de intenção de voto para a eleição presidencial de 2022.

Foram apresentados como pré-candidatos: Lula (PT), Jair Bolsonaro (PL), Ciro Gomes (PDT), André Janones (Avante), Simone Tebet (MDB), Luciano Bivar (União Brasil), Felipe D’Ávila (Novo), Eymael (DC), Pablo Marçal (Pros), General Santos Cruz (Podemos), Leonardo Péricles (UP), Sofia Manzano (PCB) e Vera Lúcia (PSTU).

Pesquisa estimulada de intenções de voto no 1º turno:

  • Lula (PT): 48%
  • Jair Bolsonaro (PL): 27%
  • Ciro Gomes (PDT): 7%
  • André Janones (Avante): 2%
  • Simone Tebet (MDB): 2%
  • Pablo Marçal (Pros): 1%
  • Vera Lúcia (PSTU): 1%
  • Em branco/nulo/nenhum: 7%
  • Não sabe: 4%

Felipe d’Avila (Novo), Sofia Manzano (PCB), Leonardo Péricles (UP), Eymael (DC), Luciano Bivar (UB) e General Santos Cruz (Podemos) não pontuaram.

O Datafolha também pesquisou os votos válidos no primeiro turno, que são os votos excluídos os brancos e nulos. Pelo percentual, Lula venceria no primeiro turno se a disputa fosse hoje.

A pesquisa ouviu 2.556 pessoas entre os dias 25 e 26 de maio em 181 cidades brasileiras. A margem de erro é de dois pontos para mais ou para menos.

A pesquisa estimulada não pode ser comparada com o levantamento anterior, de 22 e 23 de março, porque adota cenários diferentes. Naquele levantamento, Lula registrou 43% das intenções de voto, enquanto Bolsonaro tinha 26%.

Bolsonaro promete recriar Ministério da Indústria e Comércio ainda em 2022

O presidente Jair Bolsonaro prometeu a recriação do Ministério da Indústria e Comércio ainda em 2022. O anúncio foi feito em evento da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg). O presidente da entidade, Flávio Roscoe, disse ter pedido a recriação da pasta a Bolsonaro. “Nos bastidores, eu fiz uma demanda para o presidente apoiado pela bancada federal e falei ‘presidente, não é possível mais a indústria não ter o seu ministério'”, afirmou o dirigente.

Em resposta, Bolsonaro foi ao microfone tomou a palavra inesperadamente. “A toda a bancada de Minas Gerais, ao nosso presidente: foi uma solicitação que confesso, já estava um pouco madura, mas agora selou o seu final. Uma vez havendo outra oportunidade, ainda no corrente ano, vai estar nas mãos do (presidente da Câmara, Arthur) Lira a recriação do Ministério da Indústria e Comércio”, disse o presidente, arrancando aplausos dos empresários presentes.

A criação ou extinção de ministérios precisam do aval do Congresso Nacional. Na prática, a recriação do Ministério da Indústria e Comércio é uma derrota para o ministro da Economia, Paulo Guedes, que teve as atividades da pasta incorporadas ao seu “superministério” no primeiro dia de governo Bolsonaro, em janeiro de 2019. No ano passado, Bolsonaro recriou o Ministério do Trabalho, que também tinha sido incorporado pela Economia.

Brasil quer agregar valor as exportações à China, diz vice-presidente

O Brasil quer agregar valor a produtos exportados para a China, em especial, àqueles ligados a soja, minério de ferro e petróleo. As diretrizes que estão sendo elaboradas nos planos bilaterais com o país asiático devem favorecer a abertura das relações e investimentos em setores como agricultura, saúde e comunicações, além de infraestrutura, comércio, educação e sustentabilidade.

As afirmações foram feitas na segunda-feira (23) pelo vice-presidente, Hamilton Mourão, referindo-se ao que foi debatido pouco antes, durante a 4ª Sessão Plenária da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (Cosban) no Itamaraty.

“Queremos agregar valor nas três commodities que mais exportamos para a China: soja e derivados, minério de ferro e petróleo”, disse. “E queremos abertura para novos produtos. Hoje, discutimos a questão do trigo que será produzido na Bahia, no Ceará e em Roraima”, acrescentou.

O vice-presidente disse também que o Brasil tentará se beneficiar de alguns fundos verdes criados pelos chineses. “Ano passado, eles [os chineses] criaram um fundo de apoio a ações de combate ao desmatamento visando a promoção do desenvolvimento sustentável da Amazônia. Estamos discutindo formas de termos acesso a esse fundo”.

Mourão acrescentou que os documentos que estão sendo elaborados, nas reuniões envolvendo os dois países, estabelecem orientações que deverão ser mantidas pelo próximo governo. “Dois planos avançarão independentemente do governo que for eleito: o estratégico, que vai até o final da década; e o executivo, que vai até o final de 2026”, disse.

“O governo que assumir encontrará o caminho traçado, com previsibilidade dos objetivos comuns”, acrescentou, ao detalhar que os planos têm, entre suas prioridades, a participação chinesa em projetos de infraestrutura previstos pelo Programa de Parcerias de Investimento (PPI), em especial visando a construção do corredor bioceânico que ligará o Brasil ao Pacífico a partir da fronteira com a cidade paraguaia de Porto Murtinho.

Nestlé compra marca brasileira de nutrição Puravida

A Nestlé anunciou na segunda-feira (23) a compra da fabricante brasileira de produtos para nutrição Puravida, por valor não revelado, reforçando portfólio de sua unidade Nestlé Health Science no Brasil.

A companhia afirmou que o portfólio da Puravida, criada em 2015, é complementar ao da Nestlé Health Science, que já oferta no Brasil suplementos nutricionais orais, proteínas em pó e bebidas nutricionais prontas para beber.

“Vitaminas, minerais e suplementos integram um segmento em crescimento e, com a aquisição da Puravida, a Nestlé ampliará sua gama de marcas em diferentes categorias”, afirmou a empresa em comunicado à imprensa.

A expectativa da companhia é que a transação seja concluída no segundo semestre, após passar pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

Alta do aço causa queda no setor de construção no 1º trimestre de 2022

O mercado imobiliário brasileiro apresentou queda de 42,5% no número de lançamentos no primeiro trimestre de 2022, na comparação com o quatro trimestre de 2021, informou hoje (23) a Câmara Brasileira da Indústria da Construção. O número de lançamentos também apresentou uma queda de 7,6% na oferta final de empreendimentos. Segundo a CBIC, o aumento no preço de insumos e a conjuntura econômica pesaram na redução.

O levantamento, que colheu informações do mercado da indústria da construção em 196 cidades de todas as regiões do país, também mostrou queda nos três primeiros meses do ano no número de lançamentos de unidades do programa Casa Verde e Amarela, em relação ao último trimestre de 2021.

As unidades foram reduzidas em 40,4% e a oferta final em 11,1%. A CBIC disse que os números são afetados pelo aumento dos preços e dos custos dos materiais da construção civil, pela falta de confiança para novos lançamentos dos empresários e incorporadoras e pela queda do poder aquisitivo das famílias.

“O tempo todo falamos do efeito aumento de custo que impacta no preço de venda e isso está muito claro no Casa Verde e Amarela, que tem puxado nos últimos tempos a habitação de mercado”, disse o presidente da CBIC José Carlos Martins durante coletiva para apresentação dos dados.

De acordo com Martins, o aço foi o material que mais impactou no aumento total do custo das obras. Ele citou o exemplo de construção de uma ponte, que teve alta nos custos do material utilizado de cerca de 73% no período de julho de 2020 a julho de 2021.

“Quando a gente analisa uma ponte, por exemplo, o aumento foi e 73% de custo por um único item que é o aço. No caso do Casa Verde e Amarela esse impacto foi de 34% em um único item”, apontou.

Martins disse que a redução na alíquota de importação do insumo, juntamente com outros 10 produtos, anunciada pelo governo para conter a alta da inflação, diminuiu um pouco a pressão no aumento de custo. Entretanto, ainda há necessidade de debater a estabilização dos preços com a cadeia de produção.

Com crédito imobiliário mais caro, construtoras miram aluguel

Menos ligada à posse de bens e mais afeita à cultura do compartilhamento, as gerações Y (nascidos 1982 e 1994) e Z (a partir de 1995) têm ajudado a impulsionar um mercado que até pouco tempo era inexistente no Brasil: o multifamily, prédios habitacionais em que todos os moradores são apenas locatários. Em muitos casos, as unidades, com tamanho entre 30 m² e 140 m², já vêm mobiliadas e com uma série de serviços para dar mais comodidade ao morador. Como dizem os empreendedores, o objetivo é oferecer uma “experiência” ao inquilino.

Os prédios contam com lavanderia, internet, coworking, aluguel de veículos e bicicletas, arrumadeira e academia, entre outros serviços. Normalmente, são construídos em áreas bem localizadas, perto de estações de metrô e de comércio farto, onde o preço do imóvel para compra está em patamar bastante elevado. Mas um dos maiores atrativos é que as administradoras não exigem fiador para fechar o contrato, burocracia que sempre deu dor de cabeça para quem quer alugar um imóvel.

A expectativa em torno desse mercado, que nos Estados Unidos representa 80% do segmento de aluguel e na Europa já está consolidado, também está ligada às condições macroeconômicas do País.

A taxa básica de juros, hoje em 12,75% ao ano, tende a comprimir a renda do consumidor e tornar a aquisição do imóvel mais cara. Além disso, os níveis de preços de casas e residências em grandes centros, como São Paulo e Rio de Janeiro, têm deixado o sonho da casa própria cada vez mais distante do bolso do brasileiro.

É a conjunção desses fatores que tem motivado construtoras e incorporadoras a apostar nesse nicho de mercado, que está apenas começando no Brasil. A Luggo, empresa da MRV criada para desenvolver e gerir esses prédios novos, já lançou 592 unidades para locação, sendo que 588 estão ocupadas.

A empresa fechou uma parceria com a canadense Brookfield para construir 5.040 unidades no Brasil até 2025. A empresa vai construir os prédios, vender para a multinacional e depois fazer a gestão dos ativos, diz o chefe da área comercial e operações da Luggo, Rodrigo Lutfy.

Ele conta que a decisão de apostar nesse mercado no Brasil surgiu depois que o grupo comprou uma empresa nos Estados Unidos e viu o potencial do negócio. “Aqui há muito espaço para crescer. E, com a Selic no atual patamar, fica mais interessante”, diz ele, que aposta num público mais em início de carreira profissional.

O jovem de hoje, diz ele, está postergando a compra do imóvel. Prefere a liberdade de poder escolher onde morar e por quanto tempo. Na Luggo, os aluguéis são a partir de R$ 2,2 mil, com condomínio e IPTU incluídos.

Produção de açúcar do CS recua 30% na quinzena; importação de etanol afeta vendas

A produção de açúcar do centro-sul do Brasil recuou 30% na primeira quinzena de maio, para 1,668 milhão de toneladas, expressando uma redução na moagem de cana por menos unidades em operação até o momento e uma maior destinação da matéria-prima para a fabricação de etanol, afirmou a União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica) na quarta-feira (25).

A moagem de cana do centro-sul diminuiu 17% na primeira quinzena de maio, para 34,37 milhões de toneladas, na comparação anual, segundo a associação do setor no centro-sul. O volume veio abaixo da expectativa de pesquisa da S&P Global Commodity Insights, que esperava 35,6 milhões de toneladas.

Já a quantidade de cana para fabricação de etanol avançou para 59,23% na primeira parte do mês, versus 54% no mesmo período da safra passada.

Assim, a produção do combustível somou 1,655 bilhão de litros, queda de 10% na comparação anual.

No acumulado da safra desde 1º de abril, a fabricação do adoçante totalizou 2,74 milhões de toneladas, queda de 1,81 milhão ante o mesmo período de 2021.

Segundo o diretor técnico da Unica, Antonio de Padua Rodrigues, além da queda da moagem, a redução é decorrência da “decisão das próprias usinas de alterarem seu mix de produção em favor do etanol”.

“Com isso, 597,1 milhões de toneladas de açúcar deixaram de ser fabricadas até o momento para que uma maior produção de álcool pudesse ser viabilizada”, destacou.

Até o dia 16 de maio, 232 unidades operaram, frente a 236 unidades no mesmo período do ciclo 2021/2022. Para a segunda quinzena de maio, outras 17 unidades devem iniciar a moagem no centro-sul, segundo a Unica.

A associação ainda citou dados do Centro de Tecnologia Canavieira, que apontaram produtividade média de 71,6 toneladas por hectare no início da safra, o que representa uma queda de 1,3% no rendimento agrícola.

Já a qualidade da matéria-prima colhida na primeira metade de maio apresentou retração de 4,95% na comparação com o mesmo período do último ciclo agrícola, a 124,95 kg de ATR por tonelada colhida.

Na primeira quinzena de maio deste ano, as unidades produtoras do centro-sul comercializaram 990,82 milhões de litros de etanol, o que representa uma retração de 17,27% em relação ao mesmo período da safra 2021/2022, com algum impacto de importações que estão chegando ao Brasil.

Cade aprova compra do Grupo Big por Carrefour Brasil com restrições

O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou na quarta-feira (25) a compra de lojas do Grupo Big pelo maior varejista do país, Carrefour Brasil, com restrições que já tinham sido acordadas pelas empresas junto ao órgão de defesa da concorrência.

A decisão foi unânime, com os conselheiros Lenisa Rodrigues Prado, Luis Henrique Bertolino Braido, Gustavo Augusto Freitas de Lima e Sérgio Costa Ravagnani, acompanhando o voto do relator Luiz Augusto Hoffmann.

Em janeiro, a superintendência-geral do Cade já tinha recomendado a aprovação da transação, condicionando o negócio à venda de algumas lojas de atacarejo.

O Carrefour Brasil, unidade local da gigante francesa de varejo Carrefour, anunciou em março passado a aquisição do Grupo BIG por cerca de 7,5 bilhões de reais.

Fenaprevi: seguros de pessoas crescem 10,7% no 1º trimestre

O mercado de seguros de pessoas fechou o primeiro trimestre deste ano com arrecadação de R$ 13 bilhões em prêmios, alta de 10,7% em um ano, de acordo com dados da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (Fenaprevi), compilados a partir dos números da Superintendência de Seguros Privados (Susep).

Segundo a Fenaprevi, março foi o mês de melhor resultado de 2022, com R$ 4,72 bilhões em prêmios. Os principais seguros de pessoas no primeiro trimestre foram os de vida e o prestamista, que responderam por R$ 6,2 bilhões e R$ 3,6 bilhões em prêmios.

O segmento foi um dos mais impactados pela pandemia da Covid-19, em especial no primeiro semestre do ano passado. No primeiro trimestre deste ano, houve uma redução de 12,1% nos sinistros, que somaram R$ 3,4 bilhões.

Este desempenho está em linha com o que as maiores seguradoras do Brasil demonstraram em seus balanços. Nos seguros de vida, de acordo com elas, o avanço da vacinação contra a Covid-19 reduziu a severidade dos casos e também as mortes pela doença, mesmo com o pico causado pela variante Ômicron.

Na previdência privada, a arrecadação teve crescimento mais acelerado, de 14,5% em relação ao primeiro trimestre do ano passado. Segundo os dados da Fenaprevi, foram R$ 36,9 bilhões em prêmios e contribuições para produtos do ramo.

Ao todo, a captação líquida, que desconta da arrecadação os resgates, ficou em R$ 6 bilhões. Os ativos de previdência privada chegaram a R$ 1,11 trilhão, de acordo com a entidade.

Confiança da indústria do Brasil vai a máxima em 5 meses em maio, diz FGV

A confiança da indústria no Brasil avançou ao maior patamar em cinco meses em maio diante de melhora tanto na percepção sobre o momento atual quanto nas expectativas para os próximos meses, informou a Fundação Getulio Vargas (FGV) na sexta-feira (27).

Os dados mostraram que o Índice de Confiança da Indústria (ICI) subiu 2,3 pontos na comparação com o mês passado, para 99,7, máxima desde dezembro de 2021 (100,1 pontos).

“Houve aumento da satisfação em relação à situação corrente dos negócios, com avaliações bastante favoráveis quanto ao nível atual da demanda externa”, explicou o economista do FGV IBRE Aloisio Campelo Jr. em nota.

“O Índice de Expectativas cresceu de forma disseminada entre os setores, mas a magnitude da alta foi influenciada pela recuperação expressiva do otimismo entre os produtores de (bens) não duráveis.”

O Índice de Situação Atual (ISA), que mede o sentimento dos empresários sobre o momento presente do setor industrial, subiu 1,6 ponto em maio, para 100,4 pontos, segundo a FGV. Já o Índice de Expectativas (IE), indicador da percepção sobre os próximos meses, ganhou 3,0 pontos, a 99,0. Ambos retornam ao maior nível desde dezembro de 2021.

De acordo com Campelo, a única categoria de uso que registrou aumento do pessimismo em maio foi a de bens duráveis, o que está diretamente relacionado ao aumento gradual dos juros.

Dados divulgados no início deste mês pelo IBGE mostraram que produção industrial do Brasil avançou 0,3% em março, segunda alta seguida, mas terminou o primeiro trimestre com perda de força, dando novos sinais de dificuldades de retomada em meio ao aperto das condições financeiras e monetárias, além do aumento de custos.

SELIC

A Selic é a taxa básica de juros da economia. É o principal instrumento de política monetária utilizado pelo Banco Central para controlar a inflação.

IGP-M

O IGP-M é o índice usado nos contratos de reajuste de locação de imóveis e é divulgado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).

IPCA

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), prévia da inflação oficial do Brasil, subiu 0,59% em maio, a maior alta para o mês desde 2016 (0,86%).

O IPCA-15 agora acumula alta de 4,93% no ano e de 12,20% em 12 meses, uma aceleração em relação aos 12,03% de abril e o resultado mais alto desde novembro de 2003 (12,69%).

Mercado acionário e câmbio

Na segunda-feira (23), o Ibovespa fechou em alta, no maior patamar em quase um mês, diante de ganhos em Nova York e impulso de ações de commodities locais. Vale, Petrobras e grandes bancos foram as principais influências para o avanço do índice. Inter, Eneva e Rede D’Or ficaram do lado oposto. O índice Ibovespa teve alta de 1,71%, a 110.345,82 pontos. O volume financeiro somou R$ 23,3 bilhões.

Na terça-feira (24), o Ibovespa fechou em alta, apagando na última hora as fortes perdas de mais cedo. A Petrobras teve fortes perdas, após decisão do governo federal de mudar novamente o presidente da empresa. Papéis ligados ao consumo doméstico também cederam depois de dado de inflação acima do esperado e alta dos juros futuros. Vale e bancos subiram e fizeram contraponto. O índice Ibovespa teve alta de 0,21%, a 110.580,79 pontos. O volume financeiro somou R$ 25,9 bilhões.

Na quarta-feira (25), o Ibovespa fechou estável, apagando perdas leves após o Federal Reserve reiterar em ata de reunião de política monetária os discursos recentes de seus membros, o que reduziu temores de uma postura mais agressiva pela instituição do que o precificado no mercado. Petrobras e Vale subiram, enquanto o setor financeiro cedeu na ponta contrária e ajudou a limitar uma recuperação maior do índice. O índice Ibovespa fechou estável, a 110.579,81 pontos. O volume financeiro somou R$ 23 bilhões.

Na quinta-feira (26), o Ibovespa fechou em alta, em dia positivo em Wall Street, após dados econômicos fracos nos Estados Unidos corroborarem a leitura de que o Banco Central norte-americano não deve elevar os juros de modo mais agressivo. O mercado também reagiu à queda nos juros futuros locais. B3 e Rede D’Or foram as maiores contribuições para o índice. Cielo também disparou após o JPMorgan elevar recomendação para a ação. O setor de energia elétrica caiu em bloco. O índice Ibovespa teve alta de 1,18%, a 111.889,88 pontos. O volume financeiro somou R$ 26,9 bilhões.

Na sexta-feira (27), por volta das 14h13, o índice Ibovespa operava em alta de 0,0075%, a 111.898,05 pontos. Com a alta do mercado norte-americano após dados de inflação nos Estados Unidos contrapondo forte recuo dos papéis da Petrobras, mesmo com o preço do petróleo próximo da estabilidade. Vale e B3 davam suporte positivo ao índice e Eletrobras tinha leve alta após lançar oferta de ações para privatização. Ao final do dia, o índice Ibovespa fechou em alta de 0,046%, a 111.941,68 pontos. O volume financeiro somou R$ 23,8 bilhões.

O dólar operava em queda na sexta-feira (27), por volta das 11h48, o dólar registrava queda de 0,53%, cotado a R$ 4,7366 na venda. A caminho de registrar sua terceira queda semanal consecutiva, em linha com o recente enfraquecimento da divisa norte-americana no exterior em meio à redução de apostas num aumento muito agressivo nos juros pelo Federal Reserve.

O dólar comercial encerrou a sexta-feira (27) cotado a R$ 4,7384, o dólar caiu pelo segundo pregão consecutivo e renovou a mínima de fechamento em cinco semanas na sexta-feira (27), com os vendedores mais uma vez pegando carona na melhora do sentimento externo pela percepção de que os juros nos EUA não devem subir tão rapidamente quanto o temido.

FONTES

G1 | UOL | CBN | Valor Invest | Estadão | IN | Infomoney | Seu Dinheiro | Agência Brasil | Veja | Reuters | Terra | R7 | CNN | Valor | TC | Mais Retorno | Agência Senado | Invest News | Estadão | O Globo

Research Matarazzo & Cia. Investimentos
matarazzo-cia.com/blog/
30/05/2022