Cenário Econômico Nacional – 16/01/2023

Cenário Econômico Nacional – 16/01/2023

Cenário Econômico Nacional – 16/01/2023 1200 800 Research Matarazzo & Cia. Investimentos
Fonte: Banco Central

Confira os destaques do Cenário Nacional desta semana:

Mercado eleva projeções de inflação e vê Selic mais alta em 2024 no Focus

Analistas consultados pelo Banco Central passaram a ver a taxa básica de juros mais alta em 2024 em meio ao aumento das expectativas para a inflação tanto neste ano quanto no próximo, de acordo com a pesquisa Focus.

A pesquisa ainda não reflete possíveis mudanças após a invasão das sedes dos Três Poderes em Brasília no domingo, já que foi fechada na sexta-feira. No entanto, são as primeiras projeções depois da posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no dia 1 de janeiro.

O levantamento, que capta a percepção do mercado para indicadores econômicos, apontou que as expectativas para a alta do IPCA em 2023 e 2024 subiram respectivamente a 5,36% e 3,70%, de 5,31% e 3,65% antes. Para 2022, cujo dado final será divulgado na terça-feira, a projeção para a inflação ficou em 5,62%.

Todas as estimativas superam o centro da meta, estabelecida em 3,5% para 2022, 3,25% para 2023 e 3,00% para 2024, sempre com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.

Diante da pressão inflacionária, os analistas mantiveram a perspectiva de que a taxa básica de juros Selic encerrará este ano a 12,25%, ante patamar atual de 13,75%. Mas passaram a ver a taxa em 9,25% em 2024, de 9,0% antes.

Para o Produto Interno Bruto (PIB), a estimativa de crescimento foi ajustada em 0,01 ponto percentual para baixo para 2022, a 3,03%, e recuou 0,02 ponto para este ano, a 0,78%. Para o próximo ano permanece a projeção de um crescimento de 1,50%.

Investidores veem polarização e planos fiscais do Brasil como principais como riscos após protestos

As hordas de apoiadores do ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro que invadiram os prédios dos Três Poderes em Brasília, no domingo, foram um cheque de realidade para os investidores na maior economia da América Latina.

A polarização política do Brasil está aumentando e será um desafio para o recém-empossado presidente Luiz Inácio Lula da Silva, após sua estreita vitória na eleição de outubro.

“Desconcertante para os investidores” é como o gerente de portfólio Samy Muaddi, da T. Rowe Price, descreveu os eventos em Brasília no domingo, quando bolsonaristas radicais invadiram e depredaram o Congresso, o Palácio do Planalto e o prédio do Supremo Tribunal Federal (STF).

“Provavelmente este é um choque temporário e os resultados dos investimentos serão determinados pela trajetória da política econômica sob Lula e pelas condições financeiras globais mais amplas”, disse Muaddi.

Longe de ignorar os desafios de Lula para controlar os riscos deste choque institucional, os investidores e analistas disseram, no entanto, que o foco permanece nas questões fiscais ao avaliar o novo governo a longo prazo.

“Lula trabalhará para unificar uma coalizão de trabalho no Congresso para aprovar legislação, mas terá cuidado para não prejudicar sua popularidade com medidas fiscais impopulares, potencialmente atrasando o cronograma para anunciar medidas de ajuste fiscal”, disse Katrina Butt, economista sênior da AllianceBernstein LP em Nova York, à Reuters.

Ela disse que uma inflação mais baixa pode permitir ao Banco Central começar a cortar os juros no segundo semestre do ano, impulsionando ainda mais a economia, “mas isto também está ligado ao novo arcabouço fiscal. Se os novos parâmetros forem considerados fracos pelo mercado, isso poder renovar os receios de domínio fiscal e impedir o BC de adotar afrouxamento.”

As discussões sobre o novo arcabouço fiscal são fundamentais no governo Lula.

“Devido à rápida resposta do governo, o impacto no mercado tem sido limitado”, escreveu em nota Elizabeth Johnson, diretora administrativa de pesquisa para Brasil na TS Lombard, acrescentando que a violência do fim de semana “pode reduzir a pressão sobre Lula para apresentar um plano econômico nas próximas semanas e pode também retardar a agenda de reformas”.

Os credores estarão de olho na dinâmica política e social nas próximas semanas, de acordo com Alberto Ramos, economista-chefe para América Latina do Goldman Sachs Group Inc.

“As manifestações violentas atestam a profunda polarização social e política pré e pós-eleitoral”, disse Ramos à Reuters. “O ambiente político instável e profundamente dividido e a alta tensão social relacionada mantêm altos os prêmios de risco e podem minar a governabilidade geral.”

Credit Suisse vê grandes empresas no Brasil com nível saudável de endividamento em 2023

Analistas do Credit Suisse avaliam que 2023 deve ser outro bom ano em termos de inadimplência das grandes e médias empresas brasileiras, apesar de incertezas no ambiente econômico.

“Nossa análise, indica que o segmento corporativo do Brasil tem significativamente mais proteção e está muito melhor preparado contra ‘taxas de juros mais altas por mais tempo’ e cenário de recessão.”

A equipe do banco suíço avaliou a situação de alavancagem corporativa observando cerca de 1.300 empresas com um total combinado de R$ 2,7 trilhões de dívidas bancárias e corporativas pendentes.

O Credit concluiu que, apesar do aumento da taxa Selic, as empresas brasileiras no agregado tinham uma dívida líquida sobre Ebitda de 12 meses de 1,5 vez, metade do que tinham antes da crise econômica de 2015-2016.

O índice de cobertura de juros está em 4,6 vezes, bem acima da proporção mínima aceitável, de 1,5 vez, além de estar 2,5 vezes acima do nível de 2014.

Dos 12 setores, apenas dois têm dívida líquida sobre Ebitda acima de 3 vezes, enquanto três setores possuem cobertura de juros em torno de 1,5 vez ou menos.

“Os dados sugerem baixo risco de refinanciamento, com a dívida de curto prazo sobre os empréstimos totais em mínimos históricos e o índice de cobertura do serviço da dívida de curto prazo entre os melhores da história”, afirmam.

Eles acrescentaram que o setor corporativo do Brasil se beneficiou de margens Ebitda mais altas, cerca de 24% de 2017-2022; significativamente melhores do que no período 2011-2015, cerca de 18%.

Mas o segmento de micro e pequenas empresas é diferente, apontaram.

“Nossos dados de amostra sugerem níveis crescentes de alavancagem, levando-nos a preferir os bancos com baixa exposição a esse segmento, ou seja, o Itaú Unibanco”, afirmaram Marcelo Telles e Daniel Vaz em relatório.

IPCA sobe mais que o esperado e estoura teto da meta em 2022 com alta de 5,79%

A inflação ao consumidor do Brasil fechou 2022 com alta acumulada de 5,79% e superou o teto da meta pelo segundo ano seguido com um resultado acima do esperado, pressionada principalmente por alimentação.

O resultado do IPCA nos 12 meses até dezembro de 2022 ficou bem abaixo da taxa de 10,06% vista em 2021, mas superou a expectativa em pesquisa da Reuters de avanço de 5,60% e o teto do objetivo do governo, que é de 3,5% com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.

Em dezembro, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,62%, também além do esperado, de acordo com os dados do IBGE divulgados na terça-feira (10).

As expectativas de analistas em pesquisa da Reuters eram de alta de 0,45% no mês, acumulando em 12 meses 5,60%.

Com isso, o Banco Central terá que divulgar uma carta explicando ao governo os motivos de o objetivo não ter sido cumprido. Será a sétima carta desde a criação do sistema de metas para a inflação, em 1999.

Embora o aumento dos preços dê sinais de desaceleração, em novembro o IPCA subiu 0,41% e em 12 meses tinha alta de 5,9%, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva inicia o seu terceiro mandato com preocupações sobre a inflação.

Completam o cenário um crescimento fraco e juros elevados, uma vez que o BC tirou a taxa básica Selic da mínima de 2% para os atuais 13,75%, o que foi classificado de situação anômala pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

A inflação no Brasil foi ponto de atenção ao longo do ano passado, levando o então governo de Jair Bolsonaro a articular com o Congresso medidas para contê-la, como a redução da alíquota de ICMS sobre combustíveis, energia e telecomunicações, além de corte de impostos federais.

Os impactos disso, no entanto, já se dissiparam e não estarão presentes em 2023, podendo haver efeito contrário, de pressão sobre os preços, se as desonerações forem revertidas.

Em 2022 o maior peso no bolso dos consumidores partiu da alta acumulada de 11,64% do grupo Alimentação e bebidas, seguido por avanço de 11,43% de Saúde e cuidados pessoais.

Em 2022, cesta básica subiu nas 17 capitais pesquisadas pelo Dieese

No ano passado, a cesta básica ficou mais cara nas 17 capitais brasileiras analisadas pela Pesquisa Nacional da Cesta Básica, que é divulgada mensalmente pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

Em Goiânia, o preço da cesta subiu 17,89% em 2022 na comparação com o ano anterior, maior alta registrada pela pesquisa. Em seguida, apareceram Brasília (17,25%), Campo Grande (16,03%) e Belo Horizonte (15,06%).

As menores altas acumuladas no ano passado foram observadas no Recife (6,15%) e em Aracaju (8,99%).

Quando se considera apenas o mês de dezembro, o valor da cesta básica subiu em 14 das 17 capitais analisadas pela pesquisa, com destaque para Fortaleza (3,70%), Salvador (3,64%) e Natal (3,07%). Só houve queda de preço em Porto Alegre (-2,03%), Curitiba (-1,58%) e Florianópolis (-0,90%).

Em dezembro, a cesta mais cara do país era a de São Paulo, onde saía, em média, por R$ 791,29. Em seguida, estavam as cestas de Florianópolis (R$ 769,19) e Porto Alegre (R$ 765,63). A mais barata era a de Aracaju, onde custava, em média, R$ 521,05.

Com base no valor da cesta mais cara [que em dezembro foi a de São Paulo] e levando em consideração a determinação constitucional que estabelece que o salário mínimo deve ser suficiente para suprir as despesas de um trabalhador e da família dele com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência, o Dieese estimou o salário mínimo ideal em R$ 6.647,63, ou 5,48 vezes maior que o valor atual, de R$ 1.212.

INPC tem inflação de 0,69% em dezembro e fecha 2022 em 5,93%

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que mede a variação da cesta de compras das famílias com renda até cinco salários mínimos, registrou inflação de 0,69% em dezembro e fechou o ano com alta de preços de 5,93%. As taxas ficaram acima das registradas pelo IPCA, que mede a inflação oficial, no período, respectivamente de 0,62% e 5,79%.

A taxa de dezembro ficou acima da observada pelo INPC em novembro, de 0,38%, mas abaixo da registrada pelo indicador em dezembro de 2021, de 0,73%. Em 2021, o INPC acumulado ficou em 10,16%.

Em dezembro, os produtos alimentícios registraram alta de preços de 0,74%, enquanto os não alimentícios tiveram inflação de 0,67%. No acumulado do ano, os alimentos tiveram taxa de 11,91%, enquanto os não alimentícios variaram 4,08%.

Fluxo cambial no Brasil fica negativo em US$ 977 milhões na 1ª semana de 2023

O Brasil perdeu 977 milhões de dólares em termos líquidos pelo câmbio contratado na semana passada, a primeira do ano, de acordo com dados do Banco Central de quarta-feira (11), depois de na semana anterior ter registrado déficit de 4,215 bilhões de dólares.

Houve saída de 2,680 bilhões de dólares por meio de operações financeiras na semana passada, contra saldo negativo de 5,274 bilhões de dólares na semana finda em 30 de dezembro.

Já a conta comercial teve entradas no valor de 1,703 bilhão de dólares na semana passada. No período imediatamente anterior, essas operações haviam registrado saldo positivo de 1,058 bilhões de dólares

O fluxo cambial para o Brasil fechou 2022 em território positivo, marcando o melhor resultado anual em uma década, mesmo após forte saídas em dezembro.

No acumulado do ano passado, o Brasil registrou ingresso líquido de 9,574 bilhões de dólares pelo câmbio contratado, maior superávit desde 2012 (+16,753 bilhões de dólares). Em 2021, o fluxo cambial havia ficado positivo em 6,134 bilhões de dólares.

Medidas econômicas podem levar dívida bruta a trajetória sustentável de 75% do PIB, diz secretário

O conjunto de medidas anunciado na quinta-feira (12) pelo governo para ampliar receitas e reduzir gastos públicos tem capacidade de manter a dívida bruta do governo em trajetória sustentável ao redor de 75% do PIB, não ultrapassando 80%, disse nesta quinta-feira o secretário do Tesouro, Rogério Ceron.

Em entrevista à imprensa, Ceron afirmou que as projeções dependem de uma série de fatores, inclusive da condução da política monetária pelo Banco Central.

Ele não detalhou o prazo para que essa sustentabilidade seja atingida. Atualmente, o nível está em 74,5% do PIB, segundo dados de dezembro do Banco Central.

Na entrevista, o secretário da Receita, Robinson Barreirinhas, também afirmou que a pasta analisou uma eventual reoneração do IPI, o que reverteria medida do governo anterior, mas ponderou que não poderia comentar o assunto. A medida não entrou no pacote apresentado na quinta-feira (12).

Inflação acelerou em todas as faixas de renda em dezembro

As cestas de compras de todas as faixas de renda tiveram aumento em dezembro, segundo pesquisa divulgada pelo Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea). O instituto destrinchou os dados do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e aponta que o aumento de preços foi mais intenso para as famílias de renda muito baixa, que ganham menos que R$ 1.726,01.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) já tinha divulgado que o índice geral fechou dezembro em 0,62%, enquanto a variação havia sido de 0,41% em novembro. Na cesta de compras das famílias de renda muito baixa a variação mensal foi de 0,71%, acima da média geral, calculou o Ipea.

As famílias de renda baixa e média baixa também tiveram inflações acima do índice geral, com 0,67% e 0,69%, respectivamente. Estão incluídas no primeiro grupo as famílias que recebem entre R$ 1.726,01 e R$ 2.589,02. Já no segundo, aquelas que ganham entre R$ 2.589,02 e R$ 4.315,04.

As fatias da população classificadas como de renda média, média alta e alta tiveram inflação menos intensa que as mais pobres em dezembro. Mesmo assim, o índice também foi superior ao de novembro. Os percentuais foram de 0,62%, 0,59% e 0,50%, respectivamente.

É considerada família de renda média pelo Ipea aquela que soma entre R$ 4.315,04 e R$ 8.630,07 por mês. Em seguida, o grupo de renda média alta ganha entre R$ 8.630,07 e R$ 17.260,14. Já o grupo de renda alta tem ganhos mensais superiores a R$ 17.260,14.

Uma das causas do maior impacto da inflação pesar nas cestas de compras de famílias mais pobres foi a alta nos preços no grupo de alimentação e bebidas. Essas famílias são as que gastam o maior percentual de suas rendas com alimentação, e, por isso, acabam mais afetadas. O outro grupo que exerce pressão é da saúde e cuidados pessoais, que teve um impacto mais equilibrado entre as faixas de renda, mas também pesou mais na cesta de compras dos mais pobres.

Segundo o Ipea, esses dois grupos de gastos respondem por mais da metade da inflação das famílias de renda muito baixa, com 0,43 ponto percentual dos 0,71% de inflação. Entre as famílias de renda alta, esses mesmos grupos correspondem a 0,21 ponto percentual dos 0,50% de inflação.

Com o fechamento de dezembro, o índice de inflação geral de 2022 foi de 5,78%, uma desaceleração em relação a 2021, quando somou 10,06%. Apesar da queda, o indicador ficou acima da meta estipulada pelo Banco Central, que era um índice de, no máximo, 5%.

Atividade econômica contrai pelo 4º mês em novembro e mais que o esperado, mostra Banco Central

A economia brasileira registrou retração mais forte que o esperado em novembro e marcou o quarto mês seguido no vermelho, de acordo com dados do Banco Central divulgados na sexta-feira (13), ressaltando a dificuldade da atividade em ganhar ritmo no final de 2022 diante dos juros elevados e com um cenário global de desaceleração.

Em novembro, o Índice de Atividade Econômica do BC (IBC-Br) caiu 0,55% na comparação com o mês anterior, mostrou o dado dessazonalizado do indicador que é um sinalizador do Produto Interno Bruto (PIB).

Essa é a contração mais forte desde a queda de 1,2% vista em agosto, e foi pior do que a expectativa em pesquisa da Reuters de queda de 0,20%.

O BC ainda piorou o resultado de outubro para uma taxa negativa de 0,28%, de recuo informado antes de 0,05%.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva herdou para seu terceiro mandato uma economia que enfrentava no final de 2022 os efeitos defasados do forte aperto monetário promovido pelo Banco Central, além do fantasma de uma recessão global.

Na comparação com novembro do ano anterior, o IBC-Br teve alta de 1,65%, enquanto no acumulado em 12 meses passou a um avanço de 3,15%, de acordo com números observados.

O mês de novembro foi marcado por perdas generalizadas entre as atividades econômicas. A produção industrial teve queda de 0,1%, enquanto as vendas no varejo recuaram 0,6% sobre o mês anterior, interrompendo três meses de ganhos.

O volume de serviços no Brasil marcou o segundo mês seguido sem ganhos ao ficar estável em novembro.

Apesar da melhora do mercado de trabalho, ainda pesavam sobre a economia brasileira no final do ano passado o encarecimento do crédito e as incertezas em torno da pauta econômica e fiscal do governo de Lula.

Além disso, o impacto positivo da reabertura econômica após as restrições pela Covid-19 já se dissipava.

Para combater a inflação, o Banco Central tirou a taxa básica de juros da mínima de 2% para os atuais 13,75%. A autoridade monetária volta a se reunir em 31 de janeiro e 1° de fevereiro para debater a trajetória da política monetária.

Golpistas invadem Poderes; governo Lula intervém na segurança do DF

Bolsonaristas radicais marcharam na tarde de domingo (8) pela Esplanada dos Ministérios, invadiram a sede dos três Poderes da República e deixaram um rastro de destruição pelos principais edifícios de Brasília. Sem atuação ostensiva da Polícia Militar, vândalos pediram intervenção militar e a prisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que, em reação, decretou intervenção federal na segurança pública do Distrito Federal.

A passeata começou por volta das 14 horas e tinha por objetivo levar o caos para uma tomada de poder. Perto das 15 horas, o grupo desceu pelo Eixo Monumental, furou, sem resistência, o bloqueio da PM e ocupou gramado, rampas, acessos e teto do Congresso. Houve a primeira invasão, com cenas de vandalismo no Senado e na Câmara.

Em seguida, pela Praça dos Três Poderes, transformada em campo de batalha, os radicais tomaram o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal (STF). Quebraram vidraças, entraram em gabinetes e depredaram obras de arte. Houve focos de incêndio. Os plenários de Câmara, Senado e STF foram ocupados. Exibiram como troféu a porta do armário onde fica a toga do ministro Alexandre de Moraes, visto como algoz por bolsonaristas. Tudo foi transmitido em redes sociais, ao vivo, pelos invasores.

Do lado de fora do Congresso, os apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro aplaudiram PM. Transmissões ao vivo, em redes sociais, mostraram os manifestantes chamando policiais de patriotas. Nas lives, os extremistas divulgavam os atos de vandalismo. Houve cenas de leniência de PMs, que tiraram fotos com manifestantes e compraram água de coco, enquanto o tumulto se formava.

Os atos de cunho golpista foram controlados pelas forças de segurança – PM, Polícia Civil, Força Nacional de Segurança, Polícia Federal e Polícia do Exército – cerca de três horas e meia depois. Os bolsonaristas agrediram, ainda, policiais, que reagiram com bombas de gás, spray pimenta e cavalaria. O primeiro prédio liberado foi o do STF, depois Planalto e Congresso. Do alto, um helicóptero da PF também fazia disparos e foi usado jato d’água.

Ao menos, 400 vândalos foram presos em flagrantes, e a Advocacia-Geral da União (AGU) pediu a prisão de Anderson Torres, secretário da Segurança Pública do DF e ex-ministro da Justiça de Bolsonaro. Ambos estão nos EUA, e o ex-presidente, em rede social, afirmou que depredações “fogem à regra”.

Os sinais de que os atos seriam violentos já haviam sido dados desde sábado. Caravanas com cem ônibus chegaram à capital federal de vários pontos do País. Ao menos, 4.000 pessoas estavam prontas para atacar as instituições. Desde a derrota de Bolsonaro na eleição, radicais mantém acampamento na frente do Quartel-General do Exército, em Brasília.

Lula estava em Araraquara (SP), para onde viajou para levar ajuda federal após fortes chuvas. De lá, onde acompanhou a crise. Como interventor foi nomeado o atual secretário executivo do Ministério da Justiça, Ricardo Capelli – braço direito do ministro Flávio Dino. O governo federal vai agir até o dia 31 de janeiro, e a intervenção passará pelo aval do Congresso.

“É preciso que essa gente seja punida de forma exemplar, de forma que ninguém nunca mais ouse, com a Bandeira Nacional nas costas, ou com a camiseta da seleção brasileira, para se fingirem de nacionalistas, de brasileiros, façam o que eles fizeram hoje”, afirmou Lula. O petista comparou os invasores a nazistas e fascistas. “Vamos descobrir quem foram os financiadores desses vândalos que foram a Brasília e pagarão com a força da lei por esse gesto antidemocrático”, afirmou.

Ministros e presidentes do Congresso participam de reunião com Lula com STF

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e o presidente em exercício do Senado, senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB), participam de reunião do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com ministros do Supremo Tribunal Federal. O encontro de Lula com a presidente do STF, ministra Rosa Weber, e os ministros Dias Toffoli e Luís Roberto Barroso ocorre na manhã de segunda-feira (09) no Palácio do Planalto, após os atos antidemocráticos e invasões que ocorreram na sede dos Três Poderes ontem em Brasília.

Também acompanham Lula na reunião o vice-presidente Geraldo Alckmin, o ministro da Defesa, José Múcio, o ministro da Secretaria de Comunicação Social, Paulo Pimenta, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha. Na sequência, Lula deve se reunir com o ministro da Defesa e com os comandantes das Forças Armadas.

Câmara estima dano material causado por vândalos em no mínimo R$ 122 mil

A Câmara dos Deputados fez um levantamento sobre os danos causados no prédio por vândalos em no mínimo R$ 122 mil.

A Câmara, assim como o Senado, o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Palácio do Planalto foram alvo de ataques de uma minoria de bolsonaristas radicais.

A Câmara esclareceu que vários itens danificados não foram analisados ainda.

Itens danificados que não tiveram o valor calculado ainda:

  • Equipamentos de informática, computadores, telefones, equipamentos de rede e impressoras: ainda a ser avaliado
  • Restauração do muro do artista Athos Bulcão: ainda a ser precificado pelo centro cultural
  • Presentes protocolares: valor inestimável

Ainda não foram levantados os custos com mão de obra e material necessários à limpeza dos ambientes e reparos emergenciais, como da rede elétrica da plataforma superior do Palácio do Congresso.

Dois dias após atos terroristas, Ministério da Justiça dispensa superintendente da PF no DF

O Ministério da Justiça e Segurança Pública dispensou do posto na terça-feira (10) o superintendente da Polícia Federal no Distrito Federal, delegado Victor Cesar Carvalho dos Santos.

A portaria é assinada pelo secretário-executivo do MJ, Ricardo Cappelli, que, desde domingo (08), é também interventor na segurança pública do DF.

O novo superintendente será o delegado Cézar Luiz Busto de Souza. O delegado já foi superintendente em Maringá (PR) e teve uma breve passagem pele Diretoria de Investigação e Combate ao Crime Organizado (Dicor). O nome não foi publicado no “Diário Oficial da União”.

A decisão foi publicada dois dias após uma minoria de bolsonaristas radicais promover atos de terrorismo e vandalismo na Esplanada dos Ministérios, em Brasília. O governo e o Ministério Público apuram se houve conivência das forças policiais distritais e federais no enfrentamento aos golpistas.

A GloboNews apurou que o superintendente já tinha sido informado da mudança na última semana, antes dos atos.

Victor Cesar dos Santos assumiu o comando da Polícia Federal no DF em agosto de 2021. Antes, tinha sido o delegado responsável pela segurança do papa Bento XVI, quando o então pontífice veio ao Brasil.

O superintendente despachou normalmente no cargo nesta terça (10), coordenando os trabalhos da PF na capital federal após a desmobilização dos acampamentos golpistas no Distrito Federal (feita pela Polícia Militar e pelo Exército) e pela detenção de 1,2 mil envolvidos.

Tebet diz que Planejamento terá metade das secretarias com mulheres no comando

A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, afirmou que a pasta terá metade das secretarias com mulheres no comando. A expectativa é que os quatro nomes do segundo escalão do ministério sejam anunciados ainda nesta semana.

Tebet foi ao Senado hoje acompanhar a sessão que aprovou o decreto de intervenção na segurança do Distrito Federal editado no domingo, 8, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A medida foi tomada após golpistas invadirem e depredarem o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal (STF).

“Serão dois homens e duas mulheres. Pelo menos a cota de gênero eu consegui alcançar”, disse a ministra hoje no Senado. Na semana passada, Tebet havia afirmado que estava com dificuldades de montar uma equipe diversa.

“Eu acho que a gente tem de prezar acima de tudo pela diversidade. Estou indo para uma pasta que hoje ainda é extremamente masculina. Então, eu quero não só ter mulheres, mas mulheres pretas”, declarou durante a posse da ministra do Meio Ambiente e Mudança Climática, Marina Silva.

Tebet tomou posse como ministra na última quinta-feira (05), em solenidade no Palácio do Planalto. Na ocasião, afirmou que sua equipe seria multidisciplinar e exaltou a recriação do Planejamento, que havia sido extinto no governo Bolsonaro, período em que as atribuições de diversas pastas ficaram concentradas no Ministério da Economia.

A ministra faz parte da área econômica do governo Lula, junto com Fernando Haddad (Fazenda), Geraldo Alckmin (Desenvolvimento, Indústria e Comércio) e Esther Dweck (Gestão e Inovação). Na cerimônia de posse, Tebet admitiu divergências, mas se referiu à equipe econômica como “um quarteto a favor do Brasil”.

Mais Médicos será retomado com incentivo a profissionais do Brasil, diz ministra

A ministra da Saúde, Nísia Trindade, afirmou que é “prioridade” dos primeiros cem dias do novo governo retomar o programa Mais Médicos. A gestão, no entanto, pretende oferecer incentivos para participação maior de profissionais brasileiros.

“Estamos trabalhando visão de incentivo para que médicos brasileiros possam ter participação maior nesse programa. Vamos seguir legislação já definida em relação a prioridade para médicos brasileiros”, disse Nísia em entrevista coletiva. A titular da Saúde não detalhou, entretanto, que incentivos seriam esses.

A ministra afirmou ainda que o programa continuará contratando médicos de outros países, caso seja preciso preencher vagas faltantes.

Lançado no governo Dilma Rousseff (PT), o programa causou polêmica em parte da comunidade médica brasileira pela alta contratação de profissionais cubanos. A iniciativa, no entanto, foi desmontada pela gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que acusava o PT de dar dinheiro a Cuba, classificada por ele de ditadura comunista. Na gestão anterior, o programa deu lugar ao Médicos pelo Brasil.

Alckmin anuncia Marcela Carvalho como secretária executiva da Camex

O vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, anunciou Marcela Carvalho como secretária executiva da Câmara de Comércio Exterior (Camex), órgão vinculado à Pasta.

Marcela é servidora da carreira, analista de comércio exterior do MDIC, é graduada em relações internacionais pela Faculdade Integrada do Recife (PE) e mestre em Desenvolvimento e Comércio Internacional pela Universidade de Brasília (UnB).

A servidora foi secretária-adjunta de desenvolvimento do MDIC; chefe da assessoria internacional e chefe da área de Comércio Exterior do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão.

“Marcela possui ampla experiência em política comercial, política industrial e inovação e retorna à chefia da Camex com a missão de contribuir para a modernização e ampliação de nossa política comercial, por meio de um diálogo amplo e construtivo com a iniciativa privada e a academia, ao lado de Tatiana Prazeres e de Andrea Macera”, informou Alckmin na postagem.

Planalto revê sigilo de 100 anos e libera lista de visitas a Michelle Bolsonaro

Um dos sigilos de 100 anos impostos durante a gestão de Jair Bolsonaro caiu. No primeiro caso de revisão feita pela gestão petista do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República liberou ao Estadão o acesso à lista de pessoas que foram visitar a ex-primeira dama Michelle Bolsonaro no Palácio da Alvorada.

A relação tem 565 registros de entrada na residência oficial e abrange o período de janeiro de 2021 a dezembro de 2022. Cabeleireira, pastor e “personal stlyist” são alguns que aparecem no controle de duas portarias do Alvorada: a principal e a de serviço. A informação sobre quem foi visitar a então primeira-dama havia sido requerida durante o governo Bolsonaro por um cidadão com base na Lei de Acesso à Informação (LAI). Na época, o pedido foi negado sob alegação de que era um dado pessoal protegido por 100 anos.

Como mostrou o Estadão, a relação de quem visitou Michelle no Alvorada, telegramas do Itamaraty sobre a prisão do ex-jogador Ronaldinho Gaúcho no Paraguai e a carteira de vacinação do presidente foram alguns dos casos em que a gestão Bolsonaro impôs sigilo de 100 anos justificando que se tratavam de informações vinculadas à esfera privada e que, por lei, devem estar protegidos pelo prazo de um século. A sequência de casos de sigilo acabou virando tema da campanha eleitoral. Por diversas vezes, Lula prometeu abrir a “caixa preta” de Bolsonaro revogando os segredos da gestão.

O jornal apresentou, em dezembro, um novo pedido de acesso à lista de pessoas que entraram no Alvorada para visitar a primeira-dama. Na primeira vez que o requerimento foi analisado, ainda na gestão Bolsonaro, ele foi negado. Dessa vez, o GSI alegou que os dados foram classificados como reservados, o que protegeria a informação por cinco anos e não 100 anos como foram feitos em 2021. Foi apresentado um recurso ao próprio GSI e, já na gestão Lula, o pedido foi atendido.

Na primeira semana de governo, apesar da promessa de campanha do petista de dar mais transparência às informações do governo, o Exército preferiu manter em segredo o caso mais rumoroso de abuso do sigilo na gestão de Bolsonaro. A Força negou acesso ao processo disciplinar aberto e arquivado contra o general e ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello. Ele foi alvo de investigação militar por ter participado de um ato político ao lado do presidente sem autorização do comandante do Exército. O regimento militar impede a participação de oficiais em manifestações políticas.

No caso da lista de visitantes de Michelle, o GSI fez o oposto. Liberou os documentos antes mesmo de a Controladoria Geral da União (CGU) concluir trabalho de revisão dos sigilos impostos no governo Bolsonaro. No primeiro dia de gestão, Lula assinou um despacho dando 30 dias para a CGU mapear e rever os casos de abuso de sigilo.

Justiça Federal bloqueia R$ 6,5 milhões de 52 pessoas e 7 empresas suspeitas de financiar atos golpistas

A Justiça Federal do Distrito Federal atendeu pedido da Advocacia-Geral da União (AGU) e determinou o bloqueio de 6,5 milhões de reais de 52 pessoas e sete empresas suspeitas de arcar com os custos de fretamento de ônibus para os atos de invasão e depredação das sedes dos Três Poderes em Brasília no domingo (08).

Ao atender a solicitação da AGU, o juiz federal Francisco Alexandre Ribeiro considerou “absolutamente plausível a tese da União” e afirmou que os financiadores dos milhares de manifestantes “concorreram para a consecução dos vultosos danos ao patrimônio público”.

Os recursos bloqueados, que abrangem imóveis, veículos, e valores financeiros em contas, além de outros bens, deverão ser utilizados para reparar os danos ao patrimônio público em caso de condenação, de acordo com a solicitação da AGU. O valor total ainda poderá ser ampliado à medida em que avance a soma dos prejuízos.

Por ora, a contabilização leva em conta apenas os danos causados ao Senado Federal, no valor de 3,5 milhões de reais, e à Câmara dos Deputados, no valor de 3 milhões de reais. Ainda não foi estimado o prejuízo causado no Palácio do Planalto e no edifício do Supremo Tribunal Federal (STF).

A medida cautelar solicitada pela AGU foi elaborada a partir do compartilhamento de dados da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e tem como alvos os responsáveis pela contratação dos ônibus apreendidos transportando participantes dos atos golpistas.

No pedido acatado pelo juiz federal, a AGU aponta que os financiadores devem ser responsabilizados pelos danos de forma solidária aos que efetivamente depredaram os prédios públicos, causando “vultoso prejuízo material”, “consubstanciado na quebra de objetos e itens mobiliários, a exemplo de computadores, mesas, cadeiras, vidros das fachadas e até a danificação de obras de artes e objetos de valores inestimáveis à cultura e à história Brasileira”.

“A aglomeração de pessoas com fins não pacíficos só foi possível graças ao financiamento e atuação das pessoas listadas no polo passivo, o que culminou nos atos de vandalismo às dependências dos três Poderes da República”.

A AGU alertou ainda que os atos “implicaram ameaça real ao regime democrático brasileiro”, o que “impõe uma resposta célere e efetiva”.

Marcelo Freixo é nomeado para presidir Embratur com mandato de quatro anos

O deputado federal Marcelo Freixo (PT-RJ) foi oficializado como novo presidente da Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur), vinculada ao Ministério do Turismo.

A indicação de Freixo para o cargo já tinha sido anunciada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas ainda não tinha sido formalizada no “Diário Oficial da União”. Freixo terá mandato de quatro anos à frente da agência.

A edição extra publicada nesta quinta traz também a exoneração de Gilson Machado Neto do comando da agência. Ele também foi ministro do Turismo no governo Jair Bolsonaro.

Nas eleições de 2022, ambos saíram derrotados de suas campanhas.

A nomeação na Embratur é assinada pelo presidente Lula e pela ministra do Turismo, Daniela Carneiro.

Montadoras projetam mais um ano morno para vendas e produção de veículos

A indústria automotiva divulgou projeções tímidas de desempenho para este ano, espelhando o que concessionárias de veículos já tinham estimado na véspera, diante do cenário de juros elevados que dificulta financiamentos e prevendo exportações em queda.

As montadoras esperam que as vendas de carros, comerciais leves, caminhões e ônibus novos em 2023 cresçam 3%, para 2,168 milhões de unidades, um patamar considerado pelo presidente da associação que representa o setor, Anfavea, como baixo diante da capacidade de produção de 4,5 milhões de veículos por ano. Em 2022, os licenciamentos caíram 0,7%, a 2,1 milhões de unidades.

Na véspera, a associação de concessionárias de veículos, Fenabrave, afirmou que as vendas devem ficar praticamente estáveis frente ao ano passado, em uma primeira previsão que, se cumprida, marcará um terceiro ano de fraca performance do setor.

“Espero que esses números (da Anfavea) estejam completamente equivocados para baixo e que em alguns meses possamos estar de volta ao número de 2,8 milhões do cenário pré-pandemia”, disse o presidente da Anfavea, Marcio Leite, em entrevista a jornalistas. Ele se referiu às vendas de 2019, de 2,787 milhões de veículos.

A previsão da Anfavea para a produção é de alta de 2,2%, para 2,42 milhões de veículos, com o segmento de pesados, caminhões e ônibus, recuando 20,4%, em um sinal negativo para o desempenho da economia, tradicionalmente movimentada por caminhões.

Na exportação, as montadoras preveem queda de 2,9% em 2023, a 467 mil veículos, depois de alta de 27,8% em 2022.

“Percebemos problema menor sobre (oferta de) semicondutores neste ano e precisamos trabalhar para crescimento da demanda e o crédito e questão tributária são fatores para isso”, disse Leite. “Precisamos ultrapassar essa barreira de 2,1 milhões de unidades de vendas e voltar a patamares minimamente aceitáveis na casa de 3 milhões”, acrescentou.

Segundo ele, o setor viu com bons olhos o discurso do ministro da Indústria e Comércio, o vice-presidente Geraldo Alckmin, nesta semana, mas é necessário velocidade no governo para implementar medidas de reindustrialização do país.

A pressa ocorre em razão do estágio de definição de planos de investimentos do setor para os próximos anos, em um momento no qual as matrizes das montadoras instaladas no país definem locais onde bilhões de dólares serão aplicados em fábricas e tecnologias que incluem eletrificação e direção autônoma.

O presidente da Anfavea lembrou que em 2013 as montadoras no Brasil prepararam planos de investimento que tinham como norte previsão de que o mercado nacional cresceria para perto de entre 4,5 milhões e 5 milhões de veículos por ano. A última vez que as vendas de veículos no Brasil superaram a casa dos 2 milhões de unidades foi em 2014, com vendas de 3,5 milhões de unidades.

Agronegócio deve ter maior crescimento desde 2017

Após recuar em 2022, a agronegócio deve voltar a crescer e a ser o motor, talvez o único, da economia em 2023. O Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getulio Vargas (FGV-Ibre), calcula que o PIB do setor avançará 8% neste ano, depois de encolher 2% em 2022. Se o número se confirmar, será o maior crescimento do setor desde 2017, quando a alta foi de 14,2%. Já o Santander, que espera queda de 0,3% para este ano, estima expansão de 7,5% para o próximo.

Parte do resultado positivo estimado para 2023 será apenas efeito da comparação com um 2022 fraco, explicam os economistas. Por outro lado, a safra esperada para este ano deve ser recorde, o que justifica uma projeção otimista. Dados de prognóstico de produção agrícola do IBGE apontam que a safra de grãos, cereais e leguminosas deve alcançar 293,6 milhões de toneladas em 2023, o que significará uma alta de 11,8% em relação a 2022.

Para o Ibre, o setor será o único a crescer de forma expressiva neste ano, quando o PIB do País deve ficar praticamente estagnado. “Nossa projeção de PIB está abaixo do mercado. Tem casas que apontam 1%. Nós estamos com 0,2%, isso com o agro, que é 10% do PIB, avançando 8%. Então projetamos uma queda pesada da atividade em geral”, diz Marina Garrido, economista do Ibre.

A alavanca da economia, portanto, deverá ser principalmente a soja e o milho. O economista Gabriel Couto, do Santander, lembra que a safra de milho de 2021 foi comprometida pela seca e que, em 2022, o problema foi com a soja. A expectativa agora é ter safras boas de soja e de milho. “Se tivermos a safra de soja cheia, que é o que esperamos, isso impulsionará o PIB agrícola.”

Segundo Couto, o Santander não espera que a desaceleração global prevista para 2023 tenha impacto no resultado do agronegócio brasileiro por ora. “Não estamos vendo o produtor tirando o pé do acelerador. Ainda que ele resolva estocar grãos, a produção estará lá. O impacto do desaquecimento da economia global tende a ser no médio prazo.”

Presidente do conselho diretor da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Luiz Carlos Corrêa Carvalho afirma que, como os produtores conseguiram plantar soja e milho na época correta, a tendência é que a colheita de 2023 seja boa e que o valor bruto da produção cresça ao menos 5%, ficando acima de R$ 1,3 trilhão. Além da soja e do milho, ele destaca que as produções de cana-de-açúcar, frutas e hortaliças também estão indo bem.

Receita de exportação de carne bovina do Brasil sobe 42% em 2022; Abrafrigo prevê piora em 2023

As exportações totais de carne bovina, considerando produtos in natura e processados, geraram receita de US$ 13,09 bilhões ao país no ano passado, alta de 42% em relação a 2021, disse a Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo) em nota, alertando que o cenário tende a piorar em 2023 diante de uma retração nos preços da proteína.

Em volume, foram exportados 2,34 milhões de toneladas da carne, avanço de 26% no comparativo anual. A China foi destino de mais da metade das vendas tanto em preços (60,9%) como nos volumes (53,3%), informou a entidade com base em dados do governo federal.

Para este ano, é justamente o comportamento dos importadores chineses que pode alterar o cenário da receita.

“Esse quadro não deve se repetir em 2023, principalmente em relação aos preços obtidos no ano passado, porque nos últimos meses houve uma intensa renegociação dos valores com o mercado chinês, com o produto brasileiro apresentando quedas de mais de 10% nos valores médios”, disse a Abrafrigo.

Depois da China, os Estados Unidos foram o maior comprador da carne bovina brasileira, proporcionando uma receita de US$ 904,1 milhões, com 173.141 toneladas adquiridas. No terceiro lugar ficou o Chile.

No total, em 2022, 110 países aumentaram suas aquisições da carne bovina brasileira, enquanto outros 57 reduziram.

Índice Nacional da Construção Civil fecha 2022 com alta de 10,9%

O Índice Nacional da Construção Civil (Sinapi) fechou 2022 com elevação de 10,9%. É a segunda maior taxa desde 2014. Em relação ao ano anterior, quando ficou em 18,65%, houve recuo de 7,75 pontos percentuais.

Contribuiu para o resultado a taxa de dezembro, que apresentou variação de 0,08%, ficando 0,07 ponto percentual abaixo da de novembro. Naquele mês, a alta de 0,15% foi o menor índice de 2022 e manteve a tendência de desaceleração no ano. Os dados foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O gerente do Sinapi, Augusto Oliveira, chamou a atenção para o fato de que mesmo com o resultado de dezembro sendo bem menor que a taxa dos meses anteriores, o acumulado em 2022 ficou abaixo apenas do que foi captado em 2021, com taxa de 18,65%, e pouco acima de 2020, com 10,16%. “Mesmo com quedas recorrentes desde julho, o acumulado no ano ainda tem influência das altas captadas no momento atípico de pandemia”, afirmou.

O custo nacional para o setor habitacional por metro quadrado, que é medido pelo Sinapi, subiu para R$ 1.679,25 em dezembro. Desse valor, R$ 1.001,20 correspondem aos materiais e R$ 678,05 à mão de obra. Em novembro, o custo ficou em R$ 1.677,96.

Segundo o IBGE, a parcela dos materiais que apresentou estabilidade em novembro (0,01%) e outubro (0,04%) teve alta de 0,07% em dezembro. Se considerado o índice de dezembro de 2021, houve queda de 0,69 ponto percentual. Com apenas um reajuste anotado, a parcela de mão de obra avançou 0,08%, ainda assim a menor do ano, sendo também um recuo de 0,27 ponto percentual em relação a novembro, quando ficou em 0,35%.

No acumulado do ano, os materiais atingiram 10,02%. A parcela do custo com mão de obra foi mais elevada e alcançou 12,18%. Em 2021, a parcela dos materiais fechou em 28,12% e a mão de obra em 6,78%.

O gerente do Sinapi destacou que nos últimos meses de 2022, as variações na parcela dos materiais foram com taxas mais próximas às captadas em anos anteriores à pandemia, enquanto 2020, 2021 e os primeiros meses de 2022 sofreram mais fortemente o impacto da situação. No caso da mão de obra, os acordos coletivos influenciaram os resultados. “Em 2022, acordos coletivos passaram a repor os salários das categorias profissionais do segmento da construção civil, que tiveram poucos ganhos nos anos da pandemia. Além disso, o aumento da inflação, base para a reposição dos salários nos dissídios, acabou influenciando os valores acordados”.

Em expansão, Unidas vai abrir mais 31 lojas

O mercado de locação de veículos está cada vez mais acirrado, em meio a uma persistente crise de oferta pelas montadoras. Para fazer frente a esse cenário, a Unidas tem um plano de abrir 19 lojas de aluguel e 12 de vendas de seminovos em 2023, superando a marca de 230 lojas no País.

“Temos uma expansão programada das lojas de RAC (rent a car, ou locação) e seminovos. Não vai ser do dia para a noite, mas serão suficientes para nos posicionar no Brasil inteiro. Vamos crescer”, disse o CEO da Unidas, Cláudio Zattar, ao Estadão/Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.

O grupo é resultado da união da Ouro Verde, controlada pela Brookfield, com a divisão de RAC da Unidas. O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) exigiu a venda dessa divisão para a conclusão da fusão com a Localiza.

Zattar afirma que 2022 foi um ano de aprendizado, diante do elevado patamar de juros no País. “Taxa de juros alta é um veneno para o nosso setor, que é intensivo em capital. Apesar disso, nosso desempenho não foi afetado. Se não fosse o juro elevado, entregaríamos um resultado ainda melhor.”

O maior desafio das locadoras tem sido garantir a compra de carros em volumes necessários para atender à demanda aquecida e também para renovar a frota, algo primordial para manter os custos competitivos. A crise global de oferta de semicondutores atinge as montadoras desde o início da pandemia e ainda não há um horizonte claro de restabelecimento integral do fornecimento desses componentes.

No entanto, o CEO da Unidas segue otimista. “O que temos ouvido das montadoras é que não vai faltar produção”, diz. Ele afirma que, diante do arrefecimento das vendas de veículos no varejo, as locadoras têm aumentado a participação nas vendas das montadoras. Prova disso é que as empresas do setor reportaram crescimento da frota no terceiro trimestre de 2022.

Apesar disso, a renovação dos veículos não tem sido tão fácil. Ao fim de novembro, a idade média da frota do setor era de 27 meses, segundo a Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis (Abla), depois de ter alcançado o pico de 30 meses.

Zattar observa, contudo, que a programação de entregas das montadoras está sendo respeitada. “A indústria tem sinalizado que vai nos atender, muito melhor do que no ano passado.” Atualmente, a idade média da frota de RAC da Unidas é de cerca de 14,5 meses.

O executivo acrescenta que a equipe de terceirização de frotas está aprendendo como funciona o negócio de RAC, que, segundo ele, é totalmente diferente. “Nosso pessoal de fleet teve de aprender como desmobilizar grandes volumes de carros em menos tempo, (com) quais fornecedores trabalhar, entre outras questões.”

Indústria do cimento espera 2023 morno após queda acima do esperado nas vendas em 2022

Os fabricantes de cimento esperam alta de 1% nas vendas de cimento este ano, depois que a comercialização do material no ano passado recuou mais que o esperado, caindo 2,8%, para cerca de 63 milhões de toneladas, segundo dados divulgados pela entidade que representa os produtores do insumo, Snic.

“A construção residencial ainda deverá mostrar um desempenho razoável. E há a possibilidade de incorporação de projetos de saneamento e o programa de habitação popular (Minha Casa Minha Vida) ao longo de 2023”, disse o presidente do Snic, Paulo Camillo Penna. “Mas retomar este ano um terço do que perdeu ano passado é extremamente modesto”, acrescentou.

A expectativa do setor, que vive um quadro de mais de 33% de capacidade ociosa por falta de demanda, indicava queda de 2% nas vendas no ano passado após crescimento de 6,6% em 2021.

Segundo o Snic, além da alta dos juros que impacta o setor imobiliário há meses, chuvas acima do previsto no final do ano, eleições e mesmo a Copa do Mundo pressionaram as vendas de cimento no ano passado.

Em dezembro, a houve queda de 6,3% no volume vendido sobre o mesmo período do ano anterior, para 4,5 milhões de toneladas, menor volume mensal desde abril de 2020. Por dia útil, a queda nas vendas foi mais intensa, 10,2%, para 186 mil toneladas.

No acumulado do ano, apenas as regiões Norte e Centro-Oeste mostraram crescimentos na comercialização de cimento, de 1,6% cada. Segundo Penna, o Centro-Oeste vem registrando demanda aquecida de infraestrutura com “muita obra rodoviária”, enquanto a área imobiliária segue forte. No Norte, segundo ele, houve “aumento importante da autoconstrução e da construção imobiliária”.

O Sudeste, maior mercado do país, amargou retração de 3,6%, o Nordeste viu queda de 4,6% e o Sul registrou baixa de 2% nas vendas de cimento no ano passado, segundo os dados do Snic.

Vendas no varejo do Brasil caem mais que o esperado em novembro após 3 meses de altas

As vendas varejistas do Brasil interromperam três mês de ganhos e registraram queda em novembro diante da pressão da inflação sobre os preços dos combustíveis e sem impulso da Black Friday.

Em novembro as vendas no varejo recuaram 0,6% sobre o mês anterior, de acordo com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados na quarta-feira (11), leitura mais fraca para o mês desde 2015.

O resultado foi pior do que a expectativa em pesquisa da Reuters de queda de 0,3%, e deixa o setor 3,6% abaixo do maior nível da série, de novembro de 2020, mas ainda 2,6% acima do patamar pré-pandemia.

Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, as vendas subiram 1,5%, contra expectativa de 1,9%, e acumulam em 2022 até novembro avanço de 1,1%.

O varejo não deve ganhar forte tração à frente uma vez que o impacto positivo de estímulos fiscais e mercado de trabalho aquecido são compensados pelos juros altos e inflação pressionada.

“Os números divulgados hoje reforçam a tendência de que a economia brasileira está andando de lado, efeito dos juros altos no Brasil e da desaceleração da atividade econômica global como um todo”, avaliou Claudia Moreno, economista do C6 Bank, calculando um resultado do PIB em torno de zero no quarto trimestre.

Entre as oito atividades pesquisadas, seis tiveram perdas em novembro, com destaque para as quedas no volume de vendas de 5,4% de Combustíveis e lubrificantes e de 3,4% de Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação.

“Novembro foi o primeiro mês em que os preços dos combustíveis voltaram a crescer após uma sequência de deflação que se iniciou em julho do ano passado”, explicou o gerente da pesquisa, Cristiano Santos.

Em 2022, a redução da alíquota de ICMS sobre combustíveis ajudou a conter os preços durante alguns meses, bem como quedas nos custos do produto.

Santos disse ainda que a Black Friday, no fim de novembro, não teve grandes impactos positivos para o comércio varejista, o que foi evidenciado pela contração no volume de vendas de equipamentos e material de escritório depois de dois meses de forte crescimento.

“As condições macroeconômicas, como a falta de crescimento de crédito, a alta dos juros, a estabilidade do valor do Auxílio Brasil e a volta da inflação, acabam impactando a renda das famílias e diminuem o consumo”, disse Santos.

“As famílias estão direcionando os recursos para consumir o essencial para elas. Não tem sobrado para consumir o resto.”

O volume de vendas do comércio varejista ampliado, que inclui veículos, motos, partes e peças e material de construção, também caiu 0,6% sobre o mês anterior.

O desempenho do varejo no país ficou em linha com a da produção industrial, que em novembro caiu 0,1%.

Analistas colocam Americanas sob revisão após “inconsistência contábil sem precedentes”

Analistas ainda aguardam detalhes sobre o anúncio da Americanas na noite da véspera sobre a descoberta preliminar de cerca de 20 bilhões de reais em “inconsistências” contábeis no balanço da companhia, que levou à renúncia do presidente-executivo e do diretor financeiro na companhia, mas alguns já colocaram recomendação para os papéis sob revisão.

Sergio Rial sai 10 dias após assumir o cargo, depois de seis anos à frente do Santander Brasil. Rial substituiu Miguel Gutierrez, que foi presidente da Americanas por cerca de 20 anos. O diretor financeiro Andre Covre também havia acabado de ingressar na Americanas.

A equipe do Bradesco BBI classificou como uma “inconsistência contábil considerável e sem precedentes” e considerou a notícia “bastante negativa”.

“Nós, e o mercado, ainda carecemos de detalhes para medir efetivamente como, e por quanto tempo, o balanço e o ‘P&L’ (linha final do balanço) podem ter sido deturpados/impactados. O impacto potencial nos resultados futuros também não está claro”, afirmaram em relatório enviado a clientes pouco antes da meia-noite.

“Mesmo considerando um impacto supostamente não caixa, vemos o anúncio como definitivamente negativo”, afirmaram Pedro Pinto e equipe.

Eles ressaltaram que a primeira razão para tal visão se deve à magnitude “anormal”, uma vez que 20 bilhões de reais equivalem a 2 vezes o valor de mercado, 1,3 vez o valor contábil ou 0,6 vez as vendas brutas em 12 meses, “o que sugere que a empresa acumulou muitos erros ou muitos anos de más práticas contábeis”.

“Em segundo lugar, este anúncio levanta preocupações importantes sobre a credibilidade da empresa e, eventualmente, sobre sua capacidade financeira. Esperamos uma grande reação negativa para a ação no pregão de quinta-feira (12). Diante da magnitude do evento e da falta de informações, estamos colocando o papel em análise por enquanto.”

O agora ex-presidente da Americanas discutirá as conclusões sobre a contabilidade da companhia em uma conferência com investidores organizada pelo BTG Pactual às 9h.

Citando justamente a “falta de visibilidade sobre o que de fato aconteceu e os impactos efetivos a serem observados nas demonstrações financeiras da companhia”, analistas da XP Investimentos liderados por Danniela Eiger também decidiram colocar a cobertura de Americanas sob revisão.

“Com o novo CEO e CFO deixando o cargo em menos de duas semanas, agora vemos catalisadores fundamentais limitados para reverter as vendas online e offline da Americanas e as pressões de margem. Além disso, o desenvolvimento negativo dos fundamentos vem acompanhado de uma inconsistência contábil de grande valor em relação ao tamanho do negócio”, afirmou.

SELIC

O IPCA mais alto do que o esperado em dezembro reforça a avaliação de que o Banco Central deverá aguardar sinais mais claros de desinflação para iniciar o ciclo de cortes da taxa Selic, avalia a Capital Economics. A consultoria espera que o afrouxamento monetário comece em meados deste ano e leve a taxa Selic, atualmente em 13,75%, a 11,0% até o fim de 2023.

De acordo com o relatório Focus divulgado na segunda-feira (16), a projeção meta para a taxa Selic ficou em 12,50%, ante 12,25% apresentado na mediana das projeções da semana anterior.

IGP-M

Em 12 meses (janeiro a dezembro de 2022), o IGP-M acumula alta de 5,45%. Em dezembro de 2021, o índice acumulava alta de 17,78% em 12 meses (dados da última atualização do IGP-M, em dezembro de 2022).

De acordo com o relatório Focus divulgado na segunda-feira (16), a projeção para o IGP-M ficou em 4,67%, ante 4,61% apresentado na mediana das projeções da semana anterior.

IPCA

O IBGE apurou inflação de 0,62% em dezembro, 0,17 ponto porcentual acima da mediana da pesquisa Projeções Broadcast (0,45%). Com o resultado, o IPCA fechou 2022 com alta de 5,79%, acima do teto da meta (5,0%). No dado, a Capital destaca a inflação de Alimentação e bebidas, que atingiu 11,64% em 12 meses, em dois dígitos em 24 das últimas 28 leituras.

De acordo com o relatório Focus divulgado na segunda-feira (16), os economistas elevaram as estimativas do IPCA para 5,39%, ante 5,36% apresentado na mediana das projeções da semana anterior.

PIB

O Boletim Focus divulgado segunda-feira (09) mostrou queda marginal no cenário de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2022 e 2023. A mediana para a alta do PIB em 2022 passou de 3,04% para 3,03%, contra 3,05% há um mês, enquanto a estimativa para a expansão do PIB em 2023 variou de 0,80% para 0,78% ante 0,75% um mês antes.

De acordo com o relatório Focus divulgado na segunda-feira (16), a projeção para o PIB ficou em 0,77%, ante 0,78% apresentado na mediana das projeções da semana anterior.

Mercado acionário e câmbio

Na segunda-feira (09), o Ibovespa fechou em alta, com os ataques de bolsonaristas no domingo às sedes dos Três Poderes em Brasília tendo efeito limitado nas ações, com agentes avaliando que o episódio não deve desencadear uma crise política. O índice Ibovespa teve alta de 0,15%, a 109.129,57 pontos. O volume financeiro somou R$ 20,5 bilhões.

Na terça-feira (10), o Ibovespa fechou em alta, em meio a um ambiente favorável a ativos de risco, com avanço em Wall Street e alta de commodities, além de alívio na curva de juros do Brasil, e níveis de preços considerados atrativos por investidores. O índice Ibovespa teve alta de 1,51%, a 110.782,15 pontos. O volume financeiro somou R$ 21,3 bilhões.

Na quarta-feira (11), o Ibovespa fechou em alta, perto da máxima do dia, endossado por Wall Street e com as petrolíferas 3R Petroleum e Prio entre destaques beneficiadas pelo forte avanço do petróleo no exterior. O índice Ibovespa teve alta de 1,53%, a 112.517,08 pontos. O volume financeiro somou R$ 26,4 bilhões.

Na quinta-feira (12), o Ibovespa fechou em queda, marcado pelo tombo de quase 80% das ações da Americanas, que perdeu mais de 8 bilhões de reais em valor de mercado após aturdir investidores ao divulgar “inconsistências” contábeis da ordem de 20 bilhões de reais. O noticiário sobre a varejista acabou ofuscando a relevante pauta do penúltimo pregão da semana, que também contou com anúncio de medidas fiscais pelo ministro da Fazenda. O índice Ibovespa teve queda de 0,59%, a 111.850,22 pontos. O volume financeiro somou R$ 27 bilhões.

Na sexta-feira (13), por volta das 12h00, o índice Ibovespa operava em queda de 0,60%, a 111.173,96 pontos. Mas seguia para uma performance positiva no acumulado de uma semana em que agentes financeiros precisaram digerir eventos como ataques às sedes dos Três Poderes em Brasília, anúncio de medidas econômicas e problemas contábeis de 20 bilhões de reais da Americanas. Ao final do dia, o índice Ibovespa fechou em queda de 0,84%, a 110.916,08 pontos. O volume financeiro somou R$ 20,6 bilhões.

O dólar operava em alta na sexta-feira (13), por volta das 12h00, o dólar registrava alta de 0,029%, cotado a R$ 5,102 na venda. Interrompendo sequência de três quedas consecutivas, com certa acomodação após apostas de redução no ritmo da alta de juros nos Estados Unidos impulsionarem forte recuo na véspera, e à medida que investidores avaliam novas medidas econômicas do governo brasileiro.

O dólar comercial encerrou a sexta-feira (13) cotado a R$ 5,1064, em leve recuperação após ter sustentado baixas em relação ao real na maior parte da tarde. Apesar do ganho na última meia hora do pregão, a moeda norte-americana encerrou a semana em queda de 2,48%, o mais intenso movimento de recuo semanal desde o início de dezembro.

FONTES

G1 | UOL | CBN | Valor Invest | Estadão | IN | Infomoney | Seu Dinheiro | Agência Brasil | Veja | Reuters | Terra | R7 | CNN | Valor | TC | Mais Retorno | Agência Senado | Invest News | Estadão | O Globo | Folha de S.Paulo

Research Matarazzo & Cia. Investimentos
matarazzo-cia.com/blog/
16/01/2023